“Quem prejudicou o país devia ser penalizado.” Primeiros comboios adquiridos pela CP só no primeiro trimestre de 2029
A secretária de Estado da Mobilidade afirma na TSF que, entre lançar o concurso e ter as primeiras carruagens, vão passar oito anos
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Considerada "a maior aquisição de material circulante alguma vez feita pela empresa", a construção e entrega das primeiras carruagens à CP não será feita antes do primeiro trimestre de 2029. No entanto, o Governo quer antecipar o prazo de entrega de outras automotoras elétricas que o consórcio franco-português Alstom/DST vai construir. "O que o caderno de encargos prevê, em termos de calendário, é que o primeiro comboio chegará no mês 40 [após a assinatura do contrato], daí que o primeiro comboio seja no primeiro trimestre de 2029 e o último era 92 meses depois da assinatura", esclarece a secretária de Estado da Mobilidade na TSF. Ou seja, sete anos e oito meses depois. “O que nós estamos a pedir à CP e a CP está a avaliar (…) é que se possa fazer uma antecipação entre estes meses”, ou seja, entre o primeiro trimestre de 2029 e 2033.
“São 153 comboios, 98 comboios para o serviço urbano, 55 comboios para o serviço regional”, esclarece Cristina Pinto Dias. ”Temos uma linha de Cascais com uma idade média de frota acima dos 50 anos e, finalmente, em 2029, vamos conseguir ter comboios novos a circular nas nossas linhas, servir melhor os portugueses", adianta. "O mesmo comboio vai levar mais pessoas e com mais comboios vamos conseguir ter novas ofertas, porque vai conjugar também uma infraestrutura que está a ser modernizada”, diz a governante.
As 36 unidades que a CP vai adquirir, além das 117 previstas inicialmente, vão todas para os serviços urbanos, quer de Lisboa, quer do Porto, e “os clientes da linha de Guimarães, de Aveiro, de Braga e de Marco de Canaveses vão também ter uma nova oferta com comboios novos, não só as linhas urbanas de Lisboa”.
O primeiro caderno de encargos da aquisição destas automotoras foi lançado em 2021, no Governo socialista, quando Pedro Nuno Santos era ministro das Infraestruturas. A adjudicação foi realizada em 2023, mas surgiu a impugnação por parte de duas empresas concorrentes e só agora, no dia 15 de outubro, foi formalizado o contrato com o consórcio Alstom/DST. Apesar de garantir que "está muito feliz”, a secretária de Estado não deixa de fazer críticas quanto ao atraso no processo: "Quem se dá ao trabalho de prejudicar o país em dois anos e meio, perdendo a causa, que foi o caso, deveria ter alguma penalização.”
“Não podemos andar aqui a fazer concursos para serem impugnados só porque sim, sem que depois haja uma consequência para quem fez essa impugnação”, aponta. A governante não põe em causa a legitimidade do recurso, mas sublinha que quem o apresentou "perdeu em toda a linha" .
“Não podemos estar ao sabor das vontades de escritórios de advogados, que fazem melhores ou piores impugnações, e deixar o país em suspenso”, lamenta
A atribuição da construção das automotoras ao consórcio Alstom /DST agrada a Cristina Dias.“É um bocadinho voltar 30 anos atrás, praticamente, porque foi a Alstom também que forneceu a Portugal os conhecidos comboios Alfa Pendular”, recorda.