N'O Princípio da Incerteza, Alexandra Leitão considera que Montenegro deve explicar como é que pretender "garantir a governabilidade". Pacheco Pereira defende que a mensagem do primeiro-ministro é uma "chantagem" e Lobo Xavier diz que "foi uma péssima ideia" Pedro Nuno Santos não ter ido à tomada de posse.
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O PS insiste que deve ser a Aliança Democrática a garantir condições de governabilidade e estabilidade. Na semana em que é apresentado o programa do Governo no Parlamento, Alexandra Leitão rejeita a pressão que diz ter sido feita por Montenegro no discurso de posse.
"Quem tem de garantir a governabilidade é o partido que formou Governo, ou melhor, é coligação que formou Governo, até porque fosse um partido seria diferente. No fundo, o que nós temos aqui que perguntar ao primeiro-ministro já empossado é como é que pretende garantir a governabilidade. Nós tivemos um longo silêncio do primeiro-ministro indigitado entre as eleições e a tomada de posse, silêncio esse de mais 19 dias quebrado por um discurso e novamente silêncio. Mas nesse discurso, as indicações que vêm desse discurso são um bocado contrárias à possibilidade de garantir grande estabilidade", considerou Alexandra Leitão no programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza.
Já o historiador Pacheco Pereira vai mais longe e diz que a mensagem de Montenegro é mesmo uma chantagem. "O PS está a ser colocado sob chantagem, que é: ou votas isto ou aquilo, ou então fazes derrubar o Governo. Eu acho que estas chantagens têm sentido na estratégia partidária, mas não tem sentido na comunicação social", afirmou.
"A comunicação social engolir as diferentes estratégias dos partidos é que, no meu ponto de vista, diminui muito o debate político, ou seja, repetir os argumentos ou não atribuir ao que se está a fazer aquilo que se está a fazer. Por exemplo, alguns discursos de Montenegro são discursos de clara chantagem sobre o PS. Depois vêm as coisas da negociação e tudo. Ora, isto tem de ser dito como sendo claramente uma chantagem e não como uma obrigação da outra parte do chantageado", acrescentou.
Lobo Xavier tem uma visão diferente. O conselheiro de Estado diz que é legítimo que o primeiro-ministro dramatize com a possibilidade de novas eleições, caso não consiga cumprir o programa que levou a votos.
"Ainda não vi o Governo a explicar como é que vai assegurar a governabilidade, também não sei se isso é possível transmitir num statement ou numa fórmula, mas o PS também ainda não sabe muito bem como é que vai fazer oposição. Nesse sentido, acho que foi péssima ideia do Pedro Nuno Santos não ir à tomada de posse porque quem tem feito statements de não ir à tomada de posse é o PCP e o Bloco, fazendo declarações que não são democráticas, declarações de que não vão à tomada de posse de governos de direita. Um líder do PS que, nessas circunstâncias e no meio desse ruído, não vai à tomada de posse faz muito mal", disse.
