Rangel condena ataque à companhia de teatro "A Barraca" e pede "punição exemplar"
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros pede igualmente uma "punição exemplar" aos responsáveis pelo ataque a simpatizantes do FC Porto, após um jogo de hóquei em patins
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O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, condenou esta quarta-feira o ataque contra a companhia de teatro "A Barraca", considerando-o um caso grave que merece “perseguição e punição exemplar”.
Paulo Rangel foi questionado pelos jornalistas, à margem da conferência “40 Anos de Portugal na União Europeia: O Legado de Mário Soares e os Desafios do Futuro", na Feira do Livro, em Lisboa, quer sobre este episódio de violência, quer sobre o ataque de alegados adeptos sportinguistas a simpatizantes do FC Porto, após um jogo de hóquei em patins na capital.
“São dois casos muito graves que merecem perseguição e punição exemplar”, frisou.
Questionado sobre a demora do primeiro-ministro, Luís Montenegro, em reagir a estes episódios, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros destacou: “A condenação está feita, é clara, estou eu aqui a fazê-la”.
“O essencial é a condenação da violência, neste caso infelizmente até associada a duas áreas em que normalmente são áreas em que os valores da tolerância e do respeito são cultivados nesses espaços”, acrescentou.
Paulo Rangel apontou também para a atuação dos órgãos policiais, que destacou terem a responsabilidade da perseguição, e dos órgãos judiciais, que devem “levar a sua tarefa até às consequências que se impõem”, considerando isso “fundamental para a prevenção”.
“Há matérias que a partir do momento que são praticadas já não dependem do Governo, dependem também da justiça e do setor judicial”, salientou.
Na terça-feira, Dia de Portugal, um ator da companhia de teatro A Barraca, Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões.
Em declarações à agência Lusa, a diretora da companhia, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, contou que a agressão ocorreu cerca das 20h00, quando os atores estavam a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos e, junto à porta, se cruzaram com "um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.
"Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara", relatou Maria do Céu Guerra, referindo o ator em causa teve de receber tratamento hospitalar.
No outro episódio de violência em Lisboa, quatro adeptos do FC Porto ficaram feridos, na terça-feira à noite, dois dos quais com maior gravidade, quando a viatura em que seguiam foi atacada em Lisboa com um engenho incendiário, adiantou à Lusa fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP).
A mesma fonte avançou que o incidente ocorreu após o jogo do campeonato nacional de hóquei em patins entre o Sporting e o FC Porto, disputado no Pavilhão João Rocha, em Lisboa e que três suspeitos do ataque foram intercetados, ainda na terça-feira à noite, junto ao pavilhão e “foram conduzidos à esquadra para diligências”, que estão a cargo da Polícia Judiciária.