"Raptados em águas internacionais": ativistas relatam maus tratos, falsificação de assinaturas e criticam inação do Governo
Os portugueses ressalvam, contudo, que as condições enfrentadas pelos presos palestinianos são ainda piores: "Se tivemos algum tipo de proteção, é porque somos europeus"
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Os portugueses que fizeram parte da flotilha humanitária Global Sumud aterraram este domingo, por volta das 22h30, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde foram recebidos por familiares e apoiantes pró-Palestina.
Num curto espaço de tempo passaram de três dezenas a cerca de três centenas de apoiantes no aeroporto. Ouviram-se palavras de ordem como "Palestina Viverá", "Israel é um Estado assassino, Viva a luta do povo palestino".
Mortágua admite que "não esperava ser recebida desta forma" em Lisboa e reforçou que os ativistas portugueses foram "muito mal tratados" pelas autoridades israelitas.
"Todos nós temos experiências muito semelhantes. Experiências de ver camaradas espancados, experiências de várias horas algemados. Fomos postos numa jaula", conta.
Ressalva, ainda assim, que o tratamento que os palestinianos enfrentam nestas cadeias é incomparável. Nota, por isso, há uma "diferença" de tratamento entre um europeu e um palestiniano.
"Embora tenha havido muitos abusos, percebemos o grau de impunidade das forças israelitas. Se eles nos fazem isto a nós, imaginamos o que fazem a presos palestinianos",
Ao mesmo tempo que se ouvia "Paulo Rangel, pau mandado de Israel", Mariana Mortágua atirou: "Não somos heróis, somos pessoas a fazer aquilo que Governo não está a fazer."
A bloquista alerta ainda para a "falta de sanções" contra Israel por parte de Portugal e lamenta que ativistas de todo o mundo tenham de se mobilizar para colmatar as falhas que diz serem estatais. Urge, por isso, à adoção de medidas concretas para travar o genocídio em Gaza.
Também Miguel Duarte conta que passaram fome, em celas "sobrelotadas". Alguns dos ativistas com diabetes, precisa, estiverem "três dias sem receber insulina". "Se tivemos algum tipo de proteção, é porque somos europeus", remata, denunciando as condições vividas nos autocarros de prisão.