"Recato" impede Rui Rocha de revelar se há negociações com Montenegro (mas "cenário base" mantém-se)

Se Rui Rocha e Luís Montenegro estão a negociar um acordo tendo em vista lugares e políticas do futuro Governo, as conversas têm-se mantido apenas entre os dois. O presidente da Iniciativa Liberal acena com o dever de “reserva” por uma “questão de responsabilidade” e nem revela se já se sentou à mesa com o primeiro-ministro indigitado.

O cenário “de base” dos liberais “é obviamente o cenário em que a IL estará no Parlamento a defender as suas políticas e com uma candidatura autónoma às eleições europeias”, mas as circunstâncias podem alterar-se rapidamente. Rui Rocha falou aos jornalistas, de fato e gravata, bem ao jeito da indumentária de governante, apesar de os liberais, por norma, apresentarem-se num registo mais leve.

“Estas matérias têm de ser geridas com prudência, com recato. Não é o momento de estarmos a partilhar este tipo de questões publicamente. Tomaremos uma posição, logo que seja claro o sentido final da composição política, mas este é o momento da responsabilidade e do recato”, atirou.

Há um tempo para tudo e este “não é o tempo certo” para Rui Rocha revelar o que está em cima da mesa, apesar da insistência dos jornalistas, nem de dar nota das linhas da IL para aceitar um acordo de Governo. Apenas o mantra: “Estaremos disponíveis para soluções que mudem o país”.

João Cotrim de Figueiredo já foi escolhido como cabeça de lista para as eleições europeias, mas o lugar pode estar em risco caso o partido decida coligar-se com a Aliança Democrática. O antigo presidente do partido é um dos nomes apontados ao lugar de ministro.

O partido reúne o Conselho Nacional , em Coimbra, não só para analisar os resultados das eleições legislativas de 10 de março, mas também para avaliar “cenários governativos”. Rui Rocha promete ouvir as visões dos conselheiros, numa reunião que se espera longa.