Reconhecimento da Palestina é "necessário" e "urgente". PS, Livre e PCP pedem rapidez, Chega rejeita dar "carta verde" ao Hamas
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, sublinhou que o Governo não identificou qualquer obstáculo ao reconhecimento da Palestina como Estado. O tema subiu a debate no Fórum TSF, com os vários partidos políticos a defenderem as suas posições
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Depois de o Governo português ter prometido novidades para a próxima semana sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, o tema subiu, esta sexta-feira, a debate no Fórum TSF, com os vários partidos políticos a defenderem as suas posições. Por um lado, o PS defende que é algo "justo e necessário", o Livre e o PCP argumentam que "já vem tarde", por outro lado, o Chega recusa dar "carta verde" ao Hamas.
No início desta semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, sublinhou que o Governo não identificou qualquer obstáculo ao reconhecimento da Palestina como Estado.
No Fórum TSF, o deputado socialista João Torres defende que Portugal deve seguir esse caminho.
"O Partido Socialista tem uma posição clara e pública desde 2024 e mantém-se. O Estado português deve reconhecer a Palestina, porque, no atual contexto geopolítico que vivemos, essa é não apenas uma ação justa, como também uma ação necessária para todos os que acreditam, como sucede no PS, que a solução para o conflito israelo-palestiniano é uma solução de dois Estados", afirma João Torres.
Já o Chega considera que, nesta altura, Portugal não deveria reconhecer o Estado da Palestina. O deputado Ricardo Dias Pinto defende uma "solução de dois Estados", mas reforça que é "extemporâneo", tendo em conta a situação que se vive no Médio Oriente.
"Estão a viver uma guerra contra o terrorismo, não podemos, com o reconhecimento do Estado da Palestina, dar carta verde aos terroristas do Hamas", atira.
Por outro lado, Rui Tavares, do Livre, sublinha que Portugal há muito devia ter reconhecido a Palestina e argumenta que "quanto mais depressa, melhor".
"A próxima semana vai ser de muita tensão e de surpresas até à última hora, porque há quem queira sabotar este reconhecimento, que há de ser feito por vários países europeus ao mesmo tempo, no qual houve um diálogo que tem sido muito dinamizado pela França, com propostas de reconstrução de Gaza financiadas pela Liga Árabe e com os palestinianos a poderem ficar no seu território. Como contraponto àquela proposta absolutamente lunática de Donald Trump de tirar de lá os palestinianos e fazer daquilo uma Riviera no Mediterrâneo, este momento de grande tensão vai provavelmente levar a que tentem impedir esse reconhecimento na próxima semana", refere.
Também o PCP acredita que o reconhecimento da Palestina já vem tarde: "A decisão já devia ter sido tomada há muito tempo, o PCP tem vindo reiteradamente a propor que essa decisão fosse tomada. Já ontem era tarde, para a semana já vai tarde, mas é urgente. É o mínimo do ponto de vista da posição do Estado português, a seguir a esta decisão de reconhecer o Estado da Palestina há todo um trabalho que têm de ser feito no plano político e diplomático, no contexto internacional e da União Europeia", diz Bruno Dias, do comité central do PCP.
O Fórum TSF convidou todos os partidos políticos com grupos parlamentares para participarem na discussão. O PSD e o CDS não aceitaram e a Iniciativa Liberal não respondeu.
