"Relatório da IGAI em nada altera o facto de o Governo ter inaugurado a utilização da polícia para números políticos"
Em declarações à TSF, Fabian Figueiredo garante que o BE vai continuar a lutar contra uma "cultura de direita autoritária" instaurada pelo Governo da AD
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O Bloco de Esquerda garante que a decisão da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) de arquivar o inquérito sobre a operação da PSP, na Rua do Benformoso, no Martim Moniz, em Lisboa, "em nada altera o facto de o Governo ter inaugurado em Portugal a utilização da polícia para números políticos".
Em declarações à TSF, o presidente do grupo parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, manteve todas as críticas lançadas pelo partido na altura desta operação ao Executivo liderado por Luís Montenegro, depois de confrontando com a conclusão da IGAI
"Esta operação policial, como as outras, teve uma motivação política. Ou seja, a Operação Portugal Sempre Seguro tinha um só objetivo: uma campanha eleitoral", atira.
O partido deixa vincado a luta contra a "cultura de direita autoritária" instaurada pelo Governo da AD, acusando-o de "instrumentalização".
"O Governo queria mostrar que a polícia atuava ao seu comando de forma musculada, escolhendo os imigrantes como alvo, só porque a polícia foi instrumentalizada pelo Governo para fazer operações musculadas desta natureza — atos públicos e exibição de força contra imigrantes", denuncia.
É com este argumento que Fabian Figueiredo justifica a crença de que o relatório da IGAI "em nada altera o facto de o Governo ter inaugurado em Portugal a utilização da polícia para números políticos".
A política levada a cabo pelo primeiro-ministro, diz, "virou uma página" no modo como estas instituições se relacionam: se até agora existia a "certeza" de que a polícia atuava "segundo indicadores de segurança objetivos", a eleição da AD fez com que passassem a existir "motivações políticas" para o desencadear destas operações.
"Por isso é que tivemos - é bom recordar - ministros em direto a comentarem ações policiais e a anunciarem que iam existir outras. Ou seja, passamos a ter membros do Governo a assumir publicamente que davam instruções à polícia para fazerem campanha a favor da política do Governo. Isso é inaceitável", considera.
Reforça, por isso, que o partido vai continuar a lutar para "garantir que a polícia atua sem interferência política" e para que casos como o do Martim Moniz não voltem a surgir. Critica aquilo que chama "campanha Portugal Sempre Seguro" e as conferências de imprensa do primeiro-ministro "ladeado pela ministra da Administração Interna e da Justiça". "E isso é indiferente ao arquivamento por parte da IGAI."