"Remar contra a corrente." Fernando Rosas aceita convite do BE "em nome da urgência" que "coloca em causa valores de Abril"
Fundadores do partido estão de regresso e vão integrar listas para as legislativas antecipadas. Em entrevista à TSF, Fernando Rosas avisa que o país vive uma situação de "urgência" com a extrema-direita a crescer
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Fernando Rosas volta à atividade política como candidato a cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) por Leiria. O bloquista afirma que aceitou o desafio, lançado este domingo por Mariana Mortágua, porque os valores do 25 de Abril “estão em causa” e há uma “urgência de esquerda” no país e na Europa.
Em entrevista à TSF, Fernando Rosas começa por sublinhar que a extrema-direta cresce pelo mundo e, por outro lado, há “uma espécie de crise de apodrecimento dos sistemas liberais do Ocidente”.
O regresso dos fundadores não significa que “a direção esteja enfraquecida, ou que exista um problema de unidade no BE”, esclarece, argumentando que, na verdade, atualmente “há um problema de urgência da esquerda em Portugal e na Europa” e, “em nome dessa urgência, é preciso apresentar uma alternativa”.
Todos estes valores, que fizeram a minha geração e o 25 de Abril, estão em causa e, portanto, fiquei naturalmente sensível ao convite que a Mariana Mortágua nos fez para vir para o terreno.
Fernando Rosas lembra ainda que a crise das democracias não é nova. “Nos anos 30 foi assim e acabou como acabou”, diz, numa referência à Segunda Guerra Mundial.
A história pode repetir-se? O historiador acredita que já estivemos mais longe e, para evitar um desfecho “completamente dramático”, é “altura de remar contra a corrente”.
Sobre os resultados eleitorais da Madeira, Fernando Rosas recusa qualquer tipo de comparação com “a história do continente”.
Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas foram os rostos mais visíveis da formação do BE, que nasceu em grande parte pela união de três forças políticas, já extintas: o Partido Socialista Revolucionário (PSR), a União Democrática Popular (UDP) e a Política XXI.
Mais de uma década depois, Rosas, Fazenda e Louçã voltam a integrar listas do BE ao parlamento em distritos nos quais os bloquistas elegeram pela primeira vez em 2009 e que entretanto perderam.
A coordenadora nacional, Mariana Mortágua, será a cabeça de lista por Lisboa, seguida do atual líder parlamentar, Fabian Figueiredo, e pelo Porto a aposta volta a ser na deputada Marisa Matias, em Setúbal, Joana Mortágua e em Faro o antigo eurodeputado José Gusmão. O BE aprovou ainda os restantes cabeças de lista para todos os 22 círculos eleitorais.
Nas últimas eleições legislativas, em março do ano passado, o BE elegeu cinco deputados e foi a quinta força política mais votada com 4,36 % dos votos a nível nacional.