Reparações às ex-colónias. Marcelo rejeita desalinhamento entre Belém e São Bento

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou esta terça-feira que o chefe de Estado e o Governo estejam desalinhados no que toca a eventuais reparações históricas de Portugal relativamente às ex-colónias, depois de o Executivo ter sido obrigado a emitir um comunicado na sequência das declarações de Marcelo.

"Que o Governo tenha feito um comunicado, eu acho que tem toda a razão de ser. Aliás, o senhor primeiro-ministro submeteu o meu comunicado. Eu tinha acabado de falar na mesma linha e achei que se completavam muito bem", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas em Cabo Verde, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

E as reparações às antigas colónias, acrescenta o Presidente da República, são "um processo em contínuo, mas é um processo que enfrenta novos desafios".

"Eu limitei-me a repetir aquilo que disse na Assembleia da República, há não sei quanto tempo, porque me perguntaram", disse Marcelo Rebelo de Sousa, negando que tivesse havido qualquer passo atrás. 

O Presidente de Cabo Verde disse à TSF que o assunto não pode ser tratado de forma ligeira e na praça pública.

"O Presidente da República está a falar convosco aqui. É na praça pública. E não é de forma ligeira, penso eu, portanto, é tão legítimo fazê-lo aqui com os jornalistas portugueses, como fazer num encontro com jornalistas estrangeiros", responde o Presidente da República.

Sobre as críticas de vários atores políticos, o Presidente da República não se sente melindrado: "Mas isso é democracia. Lembre-se que eu tive 50 anos a comentar toda a gente e todos os factos na vida portuguesa. Como é que eu posso deixar de aceitar todas as críticas vindas de todas as pessoas?"

O início da visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa a Cabo Verde, marcada pela polémica, começou logo com uma visita surpresa à escola portuguesa da cidade da Praia.