"República e democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar muito. A mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura"
"O país não pode parar, o país não pode ficar refém de ansiedades pessoais ou partidárias", afirmou Carlos Moedas, na sessão solene do 5 de Outubro que decorreu na Praça do Município, em Lisboa
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O presidente do PS Lisboa, Davide Amado, afirmou este sábado que "só Carlos Moedas" podia transformar a comemoração dos 114 anos da República "numa ação de propaganda".
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas alertou este sábado para os problemas da imigração, afirmando que o país não pode "aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem".
O socialista Davide Amado vem agora juntar-se ao coro de críticas a Carlos Moedas, através de uma publicação na rede social X, em que afirma que só o autarca não é "nem poeta, nem fazedor, Moedas é só desilusão".
A vereadora socialista na Câmara Municipal de Lisboa Inês Drummond denuncia a "tamanha desfaçatez" do discurso de Carlos Moedas na comemoração do 114.º aniversário da Implantação da República e lamenta que o autarca se tenha "encostado" à extrema-direita numa altura em que as eleições autárquicas se aproximam.
Num discurso em que começou por reconhecer que os imigrantes são precisos para o país, Carlos Moedas mostrou preocupação com "uma política de portas escancaradas que conduz à desordem, dá espaço a redes criminosas e multiplica casos de escravatura moderna".
Inês Drummond aponta, em declarações à TSF, que o autarca denunciou a "inércia e a vaidade dos políticos", mas acabou por sucumbir "a esses defeitos". A socialista acusa Carlos Moedas de estar "despejado de qualquer sensibilidade social" e lamentou a forma como anunciou a resolução do problema dos imigrantes que estavam a viver há vários meses em tendas junto à igreja dos Anjos.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, considera lamentável o discurso Carlos Moedas sobre a imigração, afirmando que "só pode ser comparado a um pequeno Napoleão".
Para o bloquista, as palavras de Carlos Moedas sobre os imigrantes e os riscos de uma "política de portas escancaradas" revelam o que considera ser a pequenez do autarca.
"O que nós ouvimos hoje do presidente da Câmara de Lisboa foi um discurso de um pequeno Napoleão que não reconhece o facto de Lisboa hoje estar pior. E o presidente da Câmara de Lisboa tem muita culpa", defende.
Fabian Figueiredo considera "lamentável" a forma como Carlos Moedas "se colou ao discurso de extrema-direita, alimentando mitos sobre as pessoas que são essenciais para a economia da cidade, mas também para a economia de todo o país".
"Foi um discurso lamentável das figuras menores da história do movimento republicano, por isso é que só pode ser comparado a um pequeno Napoleão", atira.
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, elogiou o discurso do Presidente da República e,
Quando questionada sobre o Orçamento do Estado, garantiu que o PS não fixou qualquer prazo para uma resposta do Governo.
"Temos todos nós um prazo, que é a entrega do Orçamento no dia 10. O Partido Socialista sabe e o Governo conhece melhor do que ninguém esse prazo. Naturalmente, nem seria de bom-tom impor prazos ao Governo", atira, rejeitando responder se a contraproposta de Pedro Nuno é a última a apresentar.
"Vamos aguardar a resposta formal. Também seria precoce ou prematuro responder-lhe a isso", disse.
Sobre a referência de Carlos Moedas a ansiedades pessoais ou partidárias, Alexandra Leitão assegurou que não conhece nenhum líder partidário que tenha essa postura.
"Não conheço nenhum dirigente partidário que ponha os seus estados de alma acima, se o senhor presidente da câmara conhece, é melhor dizer o nome", declarou.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, criticou também as palavras de Carlos Moedas sobre a imigração e acusou o autarca de "facilitismo político" e de "ir atrás do discurso da extrema-direita".
Rui Tavares rejeita a ideia de que os portugueses nasceram aquando do 5 de Outubro de 1143, mas evitou alongar a explicação para "não usar o chapéu de historiador". Ainda assim, afirma que o discurso de Carlos Moedas incorre num "facilitismo histórico, para não dizer muito pior".
"Mas pior do que o facilitismo histórico é o facilitismo político de ir atrás do discurso da extrema-direita. No ano em que se comemora o centenário de Mário Soares, uma pessoa pergunta se Mário Soares teria deixado fazer-se estes discursos sobre os imigrantes", atira.
O líder do Livre entende ainda que "mais bonito do que citar Camões", é não chamar, "a tudo aquilo que inaugura, Factory não sei o quê e Hub não sei que mais".
"Gostar de Camões, gostar deste país, é uma coisa para todos os dias. Conhecer a sua história é uma coisa para todos os dias, não é apenas para discursos", sublinha.
Pelo segundo ano consecutivo as cerimónias da Implantação da República, que se realizam hoje na Praça do Município, em Lisboa, foram vedadas ao público, tendo acesso apenas pessoas autorizadas.
Nas ruas circundantes à Praça do Município, onde vai decorrer a sessão solene do 114.º aniversário da Implantação da República, barreiras policiais estão a controlar o acesso ao recinto, solicitando uma acreditação para permitir a passagem, segundo constatou a agência Lusa no local.
Também nas cerimónias de 2023 o acesso à Praça do Município tinha sido condicionado aos populares, tendo sido colocadas baias de segurança a cerca de 150 metros das entidades oficiais que assistiam aos discursos do dia.
Fonte da Câmara Municipal de Lisboa disse à Lusa que os condicionamentos e todas as responsabilidades da segurança eram da PSP.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, afirmou que o discurso de Carlos Moedas "foi virado para o passado" e considera que não se pode continuar a olhar para as questões de segurança "apenas numa perspetiva da imigração".
"Foi um discurso muito virado para o passado, muito pouco focado naquilo que são os desafios do presente para os portugueses, mas também de Portugal a nível global", explicou.
Inês Sousa Real apelou ainda para que não se alimente aquilo que apelidou de "cultura do medo".
"Não podemos continuar a olhar para as questões e os desafios da segurança apenas numa perspetiva da imigração, esquecendo-nos do papel que a integração também tem nestas políticas. Não temos de facto aqui uma visão de futuro", lamentou.
A ministra e dirigente do PSD Margarida Balseiro Lopes escusou-se a comentar as negociações orçamentais por ser dia para falar do 05 de Outubro, sublinhando os alertas do Presidente da República para as imperfeições da democracia a corrigir.
Em reação aos discursos do 114.º aniversário da Implantação da República, que decorreram na Praça do Município, em Lisboa, a vice-presidente do PSD e ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, foi questionada pelos jornalistas sobre a contraproposta orçamental que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, apresentou na véspera ao Governo.
"Hoje é o dia para falarmos do 05 de Outubro, da mensagem do senhor Presidente da República e não é dia para falar do Orçamento do Estado. Estamos para comentar esta intervenção do senhor Presidente da República, para falarmos do 05 de Outubro e não para falar do Orçamento do Estado", respondeu Margarida Balseiro Lopes, perante a insistência dos jornalistas.
A ministra foi ainda questionada sobre as declarações do presidente da Câmara de Lisboa, o também social-democrata Carlos Moedas, que citou Camões para criticar aqueles que no presente estão "reféns de ansiedades pessoais e partidárias", abdicando do "interesse nacional".
"Eu compreendo a pergunta, mas a minha resposta vai ser sempre igual: não vou falar do Orçamento do Estado", reiterou.
Margarida Balseiro Lopes destacou do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa a importância que deu à República e à democracia, referindo que "fez sempre essa relação, mas sobretudo alertando para as imperfeições" e para aquilo que é preciso corrigir.
"Falou da necessidade e nós estamos perfeitamente alinhados com essa preocupação com o combate às desigualdades, com combate à pobreza, com o combate à corrupção, mas há uma mensagem que eu queria destacar: a necessidade de rejuvenescer o país", enfatizou.
A dirigente do PSD assinalou que o Presidente da República "falou do envelhecimento" de Portugal, considerando que o país precisa de reter jovens.
"Precisamos de ter essa capacidade de oferecer boas condições, de sermos audazes, corajosos, nas medidas, nas políticas públicas para conseguirmos também cumprir esse desígnio de fixar os jovens cá", disse.
O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, considera que o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa este sábado foi "contraditório com o que tem feito até agora" e acusa o Presidente da República de criar "um clima de medo".
"Tem dito que Portugal ia entrar numa crise política se não fosse aprovado o Orçamento, tem dito variadíssimas coisas, inclusive criando um clima de medo entre a população portuguesa com uma suposta crise económica. E aquilo que ele disse hoje foi precisamente o contrário", afirmou.
Pedro Pinto acredita que este contrassenso no discurso do Presidente da República se deve a um acordo já firmado entre o PS e o Governo para o Orçamento do Estado.
"Aquilo também que se percebeu, e por isso, se calhar o Presidente da República não falou nisso, é que existe um acordo já entre o PS e o PSD. Percebe-se claramente que eles estão a chegar a um acordo para um Orçamento do Estado, que será feito entre o PSD e o Partido Socialista, e portanto eles vão ficar com o ónus disso", explicou.
O dirigente do PCP João Ferreira lamentou que o discurso do Presidente da República não sinalizasse um caminho para "combater a pobreza e as desigualdades sociais", sublinhando que o próximo Orçamento do Estado também não trará essas respostas.
"O Presidente da República evocou a necessidade de haver mudanças. Disse que havia a necessidade de combater a pobreza, as desigualdades sociais. É difícil não subscrever essas palavras, a questão é como. Sobre isso nada foi dito", apontou.
João Ferreira falava aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa do 114.º aniversário da Implantação da República, que decorreu na Praça do Município, em Lisboa, e na qual intervieram o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu este sábado que a "República e a democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar e muito".
Num discurso em que traçou o caminho da democracia e da República perante "os mais difíceis confrontos", Marcelo Rebelo de Sousa nota que estas sempre foram capazes de experimentar "as substanciais mudanças", tendo Portugal ficado "fiel aos seus princípios".
O chefe do Estado afirma, por isso, que "o mundo mudou, mas a República está viva", apesar não ser "perfeita" e não ser um projeto "acabado".
"É obra de todos os dias, de sucessivas gerações de portugueses", insiste.
Marcelo Rebelo de Sousa lamenta que em 50 anos de democracia não se tenha conseguido alterar fatores "graves" que minam os sistemas sociais, como são exemplo a existência de dois milhões de cidadãos em situação de pobreza, as desigualdades entre pessoas e territórios e o envelhecimento de tantos sistemas sociais.
Apesar de todas as impressões, Marcelo Rebelo de Sousa enumera as razões pelas quais a República se encontra viva: "Viver em liberdade é muito melhor do que viver em repressão. O pluralismo é muito melhor do que verdade única, a tolerância e o universalismo são muito melhores do que a aversão ao diferente. A mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura, por isso, vale a pena aqui virmos todos os anos."
O chefe do Estado apela ainda para uma República "mais livre, mais igual, mais justa e mais solidária para o bem de Portugal".
Carlos Moedas denuncia aquilo que considera uma "inercia política" em relação à política de imigração e, apesar de reconhecer que o país "precisa, sim, de imigrantes", o autarca defende que não pode haver "uma política de portas escancaradas".
O presidente da câmara de Lisboa fala em "manifestações de drama humanitário" que "envergonham" Portugal devido à inercia política para resolver os problemas que se mostram gritantes com as comunidades imigrantes. É neste contexto que Carlos Moedas anuncia ter resolvido "uma das situações mais graves" da capital.
"Arranjamos teto para todas as pessoas que estavam na igreja dos anjos, em Arroios", declarou.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou este sábado que "o país não pode para" e não deve ficar "refém de ansiedades pessoais ou partidárias".
"É o estado do país e não os estados de almas que devem guiar os nossos líderes políticos", defendeu.
Carlos Moedas sublinhou ainda que a "sorte ou a providência" quis que o 114º aniversário da Implantação da República coincidisse com os 50 anos de Abril e os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai discursar este sábado no 114.º aniversário da Implantação da República, data em que se tem dirigido aos políticos com mensagens sobre a qualidade da democracia.
Esta é o primeiro 5 de Outubro no atual quadro de Governo minoritário PSD/CDS-PP chefiado por Luís Montenegro, na sequência das legislativas antecipadas de 10 de março, e acontece num contexto de negociações sobre o Orçamento do Estado para 2025.
Na tradicional sessão solene na Praça do Município, em Lisboa, marcada para as 11h00, o chefe de Estado irá intervir depois do presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, na presença, entre outros, do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
Antes dos discursos, será hasteada a bandeira portuguesa na varanda do Salão Nobre dos Paços do Concelho, ao som do hino nacional.
Os acessos à Praça do Município estão vedados e, por isso, não existem cidadãos anónimos a assistir a esta cerimónia. Nos últimos anos, registaram-se manifestações, por exemplo, de professores que aproveitavam a ocasião para fazer sentir o descontentamento.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai discursar este sábado no 114.º aniversário da Implantação da República, data em que se tem dirigido aos políticos com mensagens sobre a qualidade da democracia.
Esta é o primeiro 5 de Outubro no atual quadro de Governo minoritário PSD/CDS-PP chefiado por Luís Montenegro, na sequência das legislativas antecipadas de 10 de março, e acontece num contexto de negociações sobre o Orçamento do Estado para 2025.
Na tradicional sessão solene na Praça do Município, em Lisboa, marcada para as 11h00, o chefe de Estado irá intervir depois do presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, na presença, entre outros, do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
Antes dos discursos, será hasteada a bandeira portuguesa na varanda do Salão Nobre dos Paços do Concelho, ao som do hino nacional.
