Reuniões "correram bem": Marcelo fala em "estabilidade" e encontro "simbólico" com Pedro Nuno. Moção de rejeição do PCP "não foi uma surpresa"
O Presidente da República fez um balanço positivo dos encontros com os líderes dos três partidos com maior representação parlamentar (PSD, PS e Chega) e aponta que, apesar das diferenças, há um ponto comum: "Procurar estabilidade"
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta terça-feira que o encontro com Pedro Nuno Santos foi "simbólico" e confessa que o anúncio do PCP o recurso à moção de rejeição ao programa do Governo "não foi uma surpresa".
O PCP será recebido depois de amanhã e eu penso que até clarificou. O PCP tem sempre mantido posições deste teor e pode mantê-las porque tem um grupo parlamentar. Não foi uma surpresa nem é um problema que afete as reuniões com o PCP e com os restantes partidos
Em declarações à CNN Portugal, Marcelo revela que a reunião com Pedro Nuno Santos, secretário-geral demissionário do PS, foi "muito curta", mas "simbólica" e acabaram por "falar do passado recente".
O chefe de Estado reforça ainda que, na próxima semana, haverá dados suficientes para que o processo de formação de Governo possa "seguir o ritmo previsto" e estar concluído até 10 de junho. O debate do programa do Executivo ficará para depois dos feriados de junho.
Marcelo Rebelo de Sousa adianta ainda que as reuniões com os três maiores partidos "correram bem" porque, entre as suas diferenças, todos têm um ponto comum: "Procurar estabilidade." Ressalva, contudo, que ainda faltam mais sete encontros, sendo que o JPP será ouvido pela primeira vez.
Sobre acordos de incidência parlamentar, diz que ainda é cedo para se "pronunciar", mas garante que "todos são interessados em não ter crises que instabilizem a situação portuguesa".
A socialista Mariana Vieira da Silva disse esta terça-feira estar disponível para ajudar o PS a encontrar um “caminho de união” e que nunca excluiu uma candidatura, mas rejeitou pressa no processo para a nova liderança que deve ouvir as sensibilidades.
“Nunca excluí, mas isso não significa que a notícia seja Mariana Vieira da Silva não exclui. Estou disponível a ajudar o PS das mais diversas formas a encontrar um caminho que seja de união”, disse, esta noite, em entrevista à SIC Notícias a cabeça de lista do PS por Lisboa nas últimas eleições.
Referindo que tem dito sempre que está “disponível a ajudar o PS a voltar a merecer a confiança dos portugueses”, Mariana Vieira da Silva referiu que se têm “ouvido vários dirigentes do PS a apontar para a profunda reflexão” depois da pesada derrota de domingo.
“Para essa profunda reflexão, o PS precisa de tempo e para isso estes primeiros dias serem marcados pela pressa não é útil”, afirmou, considerando que é preciso um “processo alargado de discussão interna dentro do partido e de identificação de quem é que se considera ser a pessoa mais capaz de fazer o duro trabalho que o PS tem pela frente”.
Na opinião da ex-ministra dos Governos de António Costa, não se pode “considerar que só porque alguém já estava a pensar candidatar-se ao próximo congresso do PS tem um direito reforçado ou prioritário de ser líder do PS”.
Questionada sobre se estava a falar sobre José Luís Carneiro, a deputada do PS considerou que o ex-ministro “tem o direito de se candidatar” e que respeita e até agradece essa mesma disponibilidade, mas enfatizou que o “PS precisa de refletir e saber que mais pessoas estão disponíveis”.
“Nós temos que ter consciência da dimensão da derrota e da reflexão que nós temos que fazer sobre ela e esta ideia de que isso é compatível com que agora cada um se apresentar autonomamente e esperar que dai decorra um processo de união do PS, a mim não me parece que seja assim”, disse, referindo que passaram 48 horas da demissão de Pedro Nuno Santos.
Para Mariana Vieira da Silva, “isto não é uma critica a quem já avançou”, mas sim é a defesa da ideia de que quem “quiser estar disponível para liderar o PS deve fazer um trabalho junto de todas as sensibilidades do partido para procurar um caminho”.
“Percebo a urgência, mas não havendo eleições em breve devemos ponderar, ouvir-nos uns aos outros, dialogar e é para esse trabalho que eu estou disponível”, sublinhou.
A comentadora política da TSF Margarida Davim avalia as reações dos líderes políticos dos três maiores partidos (PSD, PS e Chega) após as reuniões com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou esta terça-feira, em Bruxelas, que um futuro Governo da Aliança Democrática (AD) estará disponível para dialogar com todas as forças políticas no Parlamento, incluindo o Chega, afastando a imposição de “cordões sanitários” à direita. No entanto, afasta um cenário de coligação com o partido de André Ventura, lembrando que “não é não”.
O Presidente da República manifestou-se esta terça-feira confiante que vai haver estabilidade política em Portugal, considerou que as três audiências até agora correram bem e confirmou que voltará a ouvir PSD, PS e Chega na próxima semana.
"Vamos ter estabilidade", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, à saída de uma sessão comemorativa dos 40 anos da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), no Museu dos Coches, em Lisboa.
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Num momento de empate entre Chega e PS, com 58 deputados cada, estando por atribuir quatro mandatos, André Ventura "está confiante" de que o seu partido será a segunda força política do país. "Caso isso se verifique, o Chega assumirá o seu papel de liderança da oposição em Portugal e de liderança de uma alternativa de Governo."
Apesar do "mar de diferença" que o separa do PS e da AD, "o Chega procurará ser um farol de mudança e de estabilidade, aberto ao diálogo e às medidas boas e de transformação para o povo português".
O Presidente da República vai continuar a ouvir os partidos que obtiveram representação parlamentar nas legislativas antecipadas de domingo sobre a formação do novo Governo, com audiências da Iniciativa Liberal e Livre marcadas para quarta-feira.
A Iniciativa Liberal será ouvida às 11h30 e o Livre às 17h00.
Ficam a faltar audiências aos restantes cinco partidos que obtiveram representação parlamentar: PCP, CDS-PP, BE, PAN e JPP.
A líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, disse esta terça-feira à Lusa que decidiu não se candidatar à liderança do PS porque está focada na corrida autárquica à Câmara de Lisboa, assumindo que os resultados eleitorais foram difíceis e merecem reflexão.
“Neste momento a única coisa que posso adiantar é que eu própria não me candidatarei ao lugar de secretária-geral porque tenho o foco na cidade de Lisboa e nas eleições autárquicas”, adiantou Alexandra Leitão, em declarações à Lusa.
O secretário-geral do PCP anunciou esta terça-feira a intenção do partido de avançar com uma moção de rejeição ao programa do Governo, argumentando que hoje existem "razões acrescidas para censurar aquilo que já se conhece das opções" governativas.
Depois da reunião do Comité Central do partido, Paulo Raimundo defende, em declarações aos jornalistas, que é preciso dar "estabilidade" à vida das pessoas para que existam maiorias no Parlamento que "durem para sempre".
Sobre uma eventual moção de rejeição ao programa do Executivo, o líder do PCP afirma que hoje "há razões acrescidas para censurar aquilo que já se conhece das opções do Governo". Argumenta que é preciso "travar agora" o "desmantelamento" do SNS, a privatização da TAP, o "assalto" à Segurança Social e as alterações às leis laborais.
Não precisamos de condenar a política depois de ela estar concretizada. Precisamos é de criar todas as condições para a travar. E esse [a moção de rejeição] é um instrumento que está ao nosso dispor e do qual não vamos prescindir
Confrontado pelos jornalistas sobre a possibilidade desta eventual moção de rejeição vir a ser rejeitada, já que o Parlamento é composto na sua maioria por partidos da direita, o líder do PCP garante que a iniciativa terá "significado político" e é a prova de que o partido vai "combater" a direita em todos os sentidos.
"É um sinal importante para aqueles que não desistem", adianta.
Pedro Nuno Santos já saiu da reunião com o Presidente da República, a qual classificou como "boa".
O secretário-geral demissionário do PS não esclareceu se o partido dará ou não condições de governabilidade à AD, afirmando apenas: "Desejo que a situação política em Portugal estabilize."
Sobre o futuro da liderança do Partido Socialista, recusou prestar declarações.
Um partido desligado dos problemas reais das pessoas, que se enredou em casos que só deram mais força à extrema-direita. É desta forma que António Campos lê o atual momento político. Considerado o braço direito de Mário Soares e secretário de Estado Adjunto no IX Governo Constitucional, garante que o fundador do PS “ficaria fulo e atirava-se a isto tudo porque o partido deu uma volta de 180 graus” sobre o que era a sua estratégia.
“A estratégia de Mário Soares foi sempre localizar o PS ao centro, ter a noção de que o perigo era a extrema-direita e, por isso, logo no segundo governo chegou ao pé de mim e disse: 'Vou fazer uma aliança com o CDS'”, conta. António Campos lembra que, na altura, chamou maluco a Mário Soares, mas que ele argumentou que precisava de fazer essa aliança porque o perigo em Portugal era a mentalidade de 48 anos de fascismo. Pediu ajuda a António Campos, na altura coordenador do partido, para trazer para o partido pessoas da ala esquerda, entre elas Jorge Sampaio. “Em 15 dias eles inscreveram-se no partido”, recorda.
António Campos é crítico das políticas de António Costa, que considera ser o responsável pelo crescimento do Chega. ”O Costa criou o Chega e este [Pedro Nuno Santos] pôs o Chega como líder da oposição em Portugal”, lamenta.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve reunido com o grupo parlamentar do PSD durante uma hora. O líder do partido, Luís Montenegro, saiu da reunião sem praticamente prestar declarações aos jornalistas.
Questionado sobre como correu o encontro, o Montenegro disse apenas: "Normal."
Apesar das divergências, os partidos políticos com representação parlamentar estão de acordo numa coisa: a prioridade agora é garantir estabilidade no país. O PSD defende que o Presidente da República, que esta terça-feira começou a ouvir os líderes partidários, deve apelar à “responsabilidade” de todos. O PS fala em “tempo de ponderação”, o Chega pede que “arrogância” de Montenegro fique de fora, enquanto o Livre e o PCP temem que AD estenda a mão a André Ventura.
O dirigente socialista António Mendonça Mendes insiste que um bloco central não é solução para o cenário político, mas não recusa entendimentos com a AD. Esta manhã na TSF, sublinha que "a única forma de a oposição viabilizar coisas do Governo não é com uma coligação".
António Mendonça Mendes considera que Luís Montenegro deve "governar sem agendas radicais e populistas", numa referência ao Chega, e argumenta que "não é tempo para brincadeiras. "O mundo tem desafios complexos pela frente, (...) é preciso mais compromisso democrático", atira.
"Não esperem que abdiquemos de um programa em nome da estabilidade, claro que vão ter que haver conversas", defende.
Nuno Gabriel acredita que "não vai haver falta de sensatez" e insiste: "Caberá, obviamente, ao primeiro-ministro e ao partido mais votado, dar o primeiro passo e desejar que o primeiro-ministro substitua a arrogância da legislatura passada."
"O Chega está pronto a dar estabilidade ao país."
Embora o PS vá continuar a ser um partido empenhado no garante da estabilidade, o compromisso tem de ser de todos os partidos políticos, acrescenta.
"O país deve começar a viver alguma tranquilidade e estabilidade. (...) Os portugueses querem menos debates sobre cenários."
Sobre uma eventual candidatura de José Luís Carneiro, António Mendonça Mendes foge à questão e defende que agora é "tempo de ponderação" para o PS. O dirigente socialista defende que o partido deve voltar a sintonizar-se com o eleitorado e espera que as eleições para um novo secretário-geral não afetem a campanha para as autárquicas.
"Este é o tempo do PS refletir e tomar decisões. Não é o tempo de protagonistas pessoais."
Nuno Gabriel, do Chega, espera que Luís Montenegro deixe a "arrogância" da anterior legislatura de fora e dê "o primeiro passo" na estabilidade governativa.
Ouvido pela TSF, o deputado do partido liderado por André Ventura lembra que, muito possivelmente, o Chega pode tornar-se a segunda força política em Portugal e, portanto, desta vez a AD não tem como fugir a "conversas" com o partido.
António Rodrigues, deputado do PSD, acredita que o Presidente da República vai convidar Luís Montenegro a formar Governo. Na TSF, o social-democrata sublinha que Marcelo Rebelo de Sousa "procura estabilidade" e "não há espaço para aventuras".
"O Presidente da República tem aqui uma oportunidade para apelar à responsabilidade dos partidos", acrescenta.
António Rodrigues espera que "todos os partidos" contribuam para a estabilidade democrática e afasta a possibilidade de entendimentos só com um partido: "Quer com o Chega, quer o PS tem que haver consultas."
Questionado sobre uma revisão constitucional, António Rodrigues afirma que "não é uma mera maioria" que vai trazer para cima da mesa esse cenário. O deputado do PSD considera que "não é esse o discurso que deve ser feito", até porque não faz parte das prioridades da AD.
O Comité Central do PCP reúne-se esta terça-feira para analisar os resultados das eleições de domingo, a situação política e social e a “ação e iniciativa política do partido”.
Esta vai ser a primeira reunião da direção do PCP desde as eleições legislativas deste domingo, que ditaram o pior resultado de sempre do partido, com 3,03% dos votos e a eleição de três deputados: Paulo Raimundo, Paula Santos e Alfredo Maia.
Bom dia! Abrimos este liveblog para acompanhar a situação política do país, após os resultados das legislativas antecipadas conhecidos no domingo. Recorde aqui as reações à noite eleitoral.
O Presidente da República vai começar a ouvir os partidos políticos que obtiveram representação parlamentar nas legislativas antecipadas de domingo, com audições ao PSD, primeiro, seguindo-se o PS e o Chega.
"Na sequência das eleições para a Assembleia da República ontem [domingo] realizadas, o Presidente da República nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 187.º da Constituição, vai iniciar amanhã, terça-feira, as consultas aos partidos políticos, tendo em conta os resultados provisórios anunciados pelo Ministério da Administração Interna, e sem prejuízo dos círculos que ainda falta apurar", lê-se numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet.
Segundo a mesma nota, o PSD será ouvido às 11h00 de terça-feira, o PS às 15h00 e o Chega às 17h00.
