Revisão da Constituição? Melo diz que "CDS sempre teve uma palavra a dizer", Raimundo quer que atual "seja realidade"
O Presidente da República está a ouvir os partidos políticos em Belém. Acompanhe tudo na TSF
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No último dia da ronda de audiências pós-eleitorais, o Presidente da República recebe os partidos com assento parlamentar que faltam. O PAN reunirá com Marcelo Rebelo de Sousa às 15h30 e o estreante JPP será recebido às 16h30.
15h30 – Pessoas-Animais-Natureza
16h30 – Juntos pelo Povo
O presidente do PS, Carlos César, vai propor à Comissão Nacional do partido a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral socialista, entre o fim de junho e início de julho, adiantou à Lusa fonte oficial.
De acordo com a mesma fonte, Carlos César ouviu nas últimas horas "diversas personalidades apontadas como possíveis candidatos à liderança do PS e optou pelo cenário de eleições imediatas apenas para o cargo de secretário-geral do partido" na sequência da demissão de Pedro Nuno Santos do cargo após a pesada derrota nas legislativas de domingo.
Esta proposta, que será levada à Comissão Nacional do PS de sábado, foi subscrita também pelo líder do PS cessante, de acordo com a mesma fonte.
Caso este calendário seja aprovado, será expectável que a eleição ocorra entre "o final do mês de junho ou início de julho", disse a mesma fonte do partido.
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, apontou o dedo à direita por causa da eventual revisão constitucional.
"A direita não demorou muito tempo a dizer ao que vem e temos visto vários protagonistas dos partidos da direita a lançarem as ideias do que para si seria uma nova Constituição", acusa a agora deputada única do BE após ter sido recebida pelo Presidente da República em Belém.
Mariana Mortágua diz que toda a democracia "existe porque está consagrada na Constituição" e que essa e a Constituição que "está em risco e a direita quer atacar".
Nesse sentido, o Bloco de Esquerda quer que os outros partidos se unam para "impedir esta revisão constitucional que ameaça a democracia".
Questionada sobre a palavra do PSD de querer falar com todos os partidos, Mariana Mortágua considera que isso "não dá nenhuma segurança", já que essa iniciativa vem da Iniciativa Liberal "que quer acabar com os serviços públicos" e do Chega "que quer acabar com liberdades individuais".
"Parece-me que temos todos razões para nos preocuparmos", acredita.
Sobre a vida interna do partido, Mariana Mortágua diz que está a ser feito um debate interno para saber o que correu mal "sem pressa".
Passando às próximas eleições, a líder do Bloco de Esquerda garante estar a negociar nomeadamente com Livre e PAN para coligações autárquicas e está aberto à possibilidade de uma convergência com o Partido Socialista para derrotar Carlos Moedas em Lisboa.
O líder do CDS/PP, Nuno Melo, sublinhou esta quinta-feira que o partido "sempre teve uma palavra a dizer" aquando das revisões constitucionais, mas sublinha que a prioridade agora é "formar Governo".
Em declarações aos jornalistas, depois da reunião com o Presidente da República, Nuno Melo destaca que o país exprimiu o desejo por "estabilidade", permitindo a continuidade do Governo a "resolver os problemas dos portugueses". O resultado das eleições de domingo, diz, "reforçou a legitimidade e a credibilidade do projeto político da AD e do primeiro-ministro" e foi a "reafirmação desses sinais" que foram transmitidos a Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre uma eventual revisão constitucional, o presidente do CDS sublinha que "não tem de concordar nem de discordar", porque esse é "um direito dos deputados". Ainda assim, lembra que em 1976 o partido votou contra a proposta do texto constitucional, alegando o seu caráter "ideológico", ao encontro do socialismo. Desde essa altura, o "CDS sempre teve uma palavra a dizer" em todas as revisões ocorridas. Recusando avançar com propostas em concreto, Nuno Melo garante que, "quando for o tempo", o partido "estará presente com ideias estáveis e perenes".
Sobre um acordo à direita, que envolva o Chega e deixe de fora o PS, o líder do CDS reforça que este debate "não é a prioridade" do partido. O foco está agora em "dar estabilidade política" ao país e os processos de revisão "decorrem naturalmente" na legislatura.
"A prioridade para o país é a formação do Governo", assume.
À saída da audiência com o Presidente da República, Paulo Raimundo começou por se referir ao conflito na Palestina, afirmando que "Portugal tem obrigação de fazer mais do que aquilo que tem feito": "Não é possível passar um minuto calado sobre a situação que está a acontecer."
Depois, relativamente à situação política nacional, o secretário-geral do PCP referiu que a postura dos comunistas será a de "combate à política". "Faço um apelo aos democratas e patriotas: não é momento para ilusões, mas para enfrentar a política e as forças que vão dar corpo a essa política."
Paulo Raimundo fez ainda um apelo "à resistência, à luta e mobilização em todas as frentes, desde logo nas batalhas autárquicas". O comunista rejeitou que os resultados das eleições legislativas tenham impacto nas autárquicas deste ano e sublinhou a implementação autárquica da CDU.
"CDU é força com provas dadas no poder local. Queremos mais trabalho e mais competência para resolver a vida das pessoas naquilo que diz respeito ao poder local. O poder local e as autárquicas têm particularidades muito grandes e em nenhum momento da nossa democracia se viu uma tradução dos votos das legislativas para os votos nas autárquicas", afirmou.
Sobre o projeto de revisão constitucional anunciada na quarta-feira pela IL, Paulo Raimundo falou em "fuga para a frente" e argumentou que "a Constituição deve ser uma realidade na vida das pessoas".
"Estamos empenhados em travar a política que conhecemos e a que sabemos que vai vir", sublinhou.
Bom dia! Abrimos este liveblog para acompanhar a situação política do país, após os resultados das legislativas antecipadas conhecidos no domingo. Recorde aqui o balanço das reuniões de quarta-feira com o Presidente da República.
O Presidente da República vai ouvir esta quinta-feira o PCP, o CDS-PP e o BE, prosseguindo as audiências aos partidos políticos que obtiveram representação parlamentar nas legislativas antecipadas de domingo sobre a formação do novo Governo.
De acordo com uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa irá receber o PCP às 11h30, o CDS-PP às 15h00 e o BE às 17h00 desta quinta-feira.
Na terça-feira, o chefe de Estado recebeu o PSD, o PS e o Chega, e anunciou que voltará a ouvir os três maiores partidos na próxima semana, quando forem conhecidos os resultados dos círculos da emigração, que elegem quatro deputados.
