Revisão da TSU. PCP acusa Governo de querer "deitar a mão ao pote" da Segurança Social e manter "salários baixos"
Em entrevista à TSF, Vasco Cardoso refere que o Governo visa "abrir as portas a esse assalto à Segurança Social"
Corpo do artigo
O PCP não espera nada de bom da intenção do Governo de criar um grupo de trabalho para rever a Taxa Social Única (TSU) e acusa-o de "abrir portas a assalto à Segurança Social" e "criar ilusão de que podemos continuar a conviver com salários baixos".
"Estão a procurar enganar as pessoas procurando criar a ideia de que, acabando com o caráter universal da Segurança Social e reduzindo os descontos para a Segurança Social, que as pessoas estão melhor protegidas ou têm melhores salários. Ora, essa estratégia que o Governo quer implementar visa no fundamental dois objetivos: por um lado, abrir as portas a esse assalto à Segurança Social - é muito dinheiro que os bancos, as seguradoras, os fundos de investimento querem nitidamente deitar as mãos como estão a assaltar neste momento o Serviço Nacional de Saúde -, mas querem simultaneamente, por esta manobra em torno da TSU, criar a ilusão de que podemos continuar a conviver com salários baixos", disse Vasco Cardoso, membro do comité central do PCP, em entrevista à TSF.
A ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, defendeu esta sexta-feira rever a taxa contributiva global do Sistema Previdencial da Segurança Social.
"A Segurança Social movimenta muito dinheiro. Assim de cor, estamos a falar de 21 mil milhões de euros por ano e há quem esteja muito interessado em deitar a mão a esse pote. Ora, esses recursos que são no fundamental recursos dos trabalhadores, porque decorrem dos descontos para a Segurança Social feitos em função do trabalho, os que são assumidos pela parte do próprio trabalhador e pela parte patronal, são uma riqueza que nitidamente é hoje objeto da cobiça e da tentativa de assalto por parte dos grupos económicos e financeiros", considera o comunista.
Vasco Cardoso diz que está em causa a proteção dos trabalhadores até em situação de desemprego, doença e maternidade, contribuindo para um país de pensões baixas.
"Nós temos hoje 2,7 milhões de trabalhadores que ganham menos de mil euros por mês e temos cerca de um milhão de reformados que ganham menos, recebem menos, de 510 euros por mês. É uma profunda injustiça, sobretudo se confrontada com os lucros dos grupos económicos e financeiros. Lá está, não estou a ver nenhum grupo de trabalho a ser criado pelo Governo PSD/CDS para olhar para essa riqueza imensa que está a ser acumulada em Portugal e, sobretudo, a sair para o estrangeiro que é produzida no nosso país e tenta falta faz para melhorar os serviços públicos e para melhorar as condições de vida de quem vive e trabalha no nosso país", afirma.