Os candidatos à liderança do PSD comentaram, esta sexta-feira, o primeiro debate entre os dois. Rui Rio critica "mentiras e meias verdades", Santana Lopes diz que só quis esclarecer sobre o passado.
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Rui Rio, ex-autarca do Porto, diz que também sabe "truques" e faz uma análise "mais negativa do que positiva" do confronto. Pedro Santana Lopes, antigo primeiro-ministro, garante que não usou "truques" e que, durante o primeiro dos três debates que se vão realizar até ao dia das eleições para a liderança do PSD, só quis o "esclarecimento" dos militantes e dos portugueses.
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"Constantemente procuram falar de mim dizendo que a grande questão é algo que se passou há 12 ou 14 anos e quando peço licença para falar um pouco sobre essas questões ouço um coro de vozes a dizer que não se deve falar do passado. Mas, eu ouço sempre falar do passado enquanto ando a falar do futuro", disse Santana Lopes, em São João do Estoril, à margem de uma visita ao ATL da Galiza, um projeto da Santa Casa da Misericórdia de Cascais.
Justificando a postura que Rui Rio considera ter sido de "ataque" com "mentiras" e "meias verdades", o antigo autarca de Lisboa garante que debateu "sem nenhum truque" e que se limitou a falar com "espontaneidade" sobre o que lhe "vai na alma e na mente".
Uma postura que, entende Rui Rio, não teve qualquer justificação, sublinhando o também candidato à liderança dos social-democratas que se tivesse seguido a "estratégia" de Santana Lopes iria contribuir para o "descalabro em termos de prestígio", teria "prejudicado fortemente" o PSD e "desrespeitado", inclusive, o cargo para o qual ambos se candidatam.
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"Espero que a partir de agora ele [Santana Lopes] não volte a cair no mesmo erro de entrar para um debate daquela forma, porque imaginem que eu fazia igual...", afirmou Rui Rio, esta noite, à margem de um jantar em Terrugem, no concelho de Sintra, onde, analisando os "ataques" do adversário, considerou: "Com um conjunto alargado de fragmentos de verdade constrói-se uma grande mentira. Essa técnica eu também a sei há muitos anos, não a uso porque não tenho sequer estômago para a utilizar".
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Quanto à estratégia par os próximos debates, Rui Rio garante que não irá mudar: "Vejam bem em que é que ficávamos no fim se eu fosse fazer o mesmo", diz, lembrando que "muitas pessoas" já o abordaram pedido para que "faça o mesmo" que Pedro Santana Lopes. Questionado sobre os "temas essenciais" que devem fazer parte dos dois debates que se seguem defende, no entanto, que os debates não são a ocasião mais indicada para esclarecer as ideias dos candidatos.
"Os esclarecimentos sobre as ideias de cada um fazem-se através das entrevistas e das sessões que se têm com militantes. O debate tende sempre a um certo espetáculo", atira Rui Rio.
Já o antigo primeiro-ministro adianta que, nos próximos confrontos, está "aberto a todo o tipo de assuntos", mas que seria ideal discutir "o que cada um tem para propor para a vida do partido, para a estratégia de oposição ao Governo, sobre o relacionamento com os outros órgãos de soberania as propostas para o futuro do país", diz Santana Lopes, que sublinha: "Não vale a pena continuarmos na acusação".
Questionado sobre as palavras de Passos Coelho, que ontem, antes do debate, aconselhou "humildade" a quem quer liderar o país, Santana Lopes o candidato diz concordar com a ideia.
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"Às vezes aqueles que mais são surpreendidos - até por debates - são aqueles que se julgam donos e senhores do mundo ou que ganharam à partida. Depois, às vezes, têm surpresas", considera.
Os próximos debates entre Rui Rio e Santana Lopes estão marcados para dia 10, na TVI, e dia 11, na TSF, em conjunto com a Antena 1.