Ouvido pela TSF, Francisco Assis, eurodeputado eleito pelo PS, considera que, depois da vitória, Rui Rio terá de apresentar um discurso "mais propositivo" e não apenas "meramente crítico".
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"Ele é um político bastante intuitivo e que compreende o senso comum e que se aproxima muito do senso comum, quer no que tem de bom quer no que tem de mau". É assim que Francisco Assis define o novo líder do PSD, Rui Rio, que sucede agora a Pedro Passos Coelho na liderança dos social-democratas.
Segundo o eurodeputado socialista, o antigo autarca do Porto é um "adversário temível", alguém que se apresenta com "um pé fora e outro dentro do sistema" político. Nesse sentido, entende Francisco Assis, a "melhor forma" de lidar com Rui Rio será "obrigar" o social-democrata a definir quais são as suas posições.
"A maior preocupação que António Costa vai ter e deve ter é precisamente obrigar o novo líder do PSD a vir a jogo e a dizer exatamente aquilo que pensa, porque agora vai ter de ter um discurso propositivo. E, ter um discurso mais propositivo é, como sabemos, bastante mais difícil do que ter um discurso meramente crítico", afirma Francisco Assis, em declarações à TSF.
O eurodeputado eleito pelas listas do Partido Socialista - e que defrontou e saiu derrotado por Rui Rio nas eleições para a Câmara Municipal do Porto, em 2005 - conclui ainda que, com esta mudança no xadrez político, o PCP e o Bloco de Esquerda vão acentuar diferenças para com o PS. Entende Francisco Assis que, com a nova liderança do PSD, os partidos mais à esquerda vão ter de redefinir estratégias dentro da atual solução governativa.
"O PCP e o BE que, aliás, já davam sinais de terem um discurso um pouco diferente daquele que tiveram até há uns meses atrás - e, em particular, o PCP -, vão ter de se mover e tudo isto vai originar alguma reconfiguração dos termos do debate político em Portugal, com o qual, julgo eu, o país lucrará", diz o eurodeputado, que considera que as "divergências eram inevitáveis", já que são "profundas e em áreas vitais"
Em declarações à TSF, Francisco Assis lembra ainda os "apelos" do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que haja "alguns grandes entendimentos de fundo" em matérias importantes para o país. O socialista considera que, neste momento, há uma "maior disponibilidade do PSD" para "participar nesse esforço".
"Eu julgo que o PS também terá essa disponibilidade", atira Assis, que espera que, no que diz respeito a matérias de fundo, haja, uma "maior disponibilidade" para entendimentos "a partir das próximas eleições legislativas. Ou seja, em 2019.