O cabelo comprido e a barba por fazer não o denunciam como militante centrista, mas, na hora de se filiar, Rodolfo Bendoyro não teve dúvidas: "Era um partido que se definia como cristão e europeísta".
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Quando chegou a chegou a Portugal, em 2007, com uma bolsa de investigação do Instituto Superior Técnico para estudar física, a política ainda não lhe corria nas veias, mas desde logo Rodolfo Bendoyro começou a prestar atenção ao que se passava no país.
"Rapidamente apanhei o bichinho pelo debate político e, já que tinha decidido fazer de Portugal a minha segunda pátria, achei que devia contribuir".
Rodolfo leu, analisou debates e propostas apresentadas pelos deputados de todos os partidos com assento parlamentar. A decisão de se tornar num militante do CDS-PP, sublinha, foi óbvia: "Era um partido que se definia como cristão, europeísta e que tinha uma bancada excelente, com jovens, com bons quadros e que fazia propostas coerentes e pertinentes para o país".
Hoje, o cubano centrista não se arrepende da escolha que, em parte, foi também influenciada por um nome: "Claramente, naquela altura, também havia o carisma de Paulo Portas".
Em Portugal, desde logo, e por via das más experiências vividas em Cuba, PS, PCP e BE foram cartas fora do baralho: "Para mim estavam excluídos imediatamente. A mim não me vendiam o peixe deles. Já tinha essa experiência, portanto, não era por aí".
Mas, salienta Rodolfo, agora na concelhia de Sintra do CDS-PP, o PSD também não lhe deixou uma boa primeira impressão.
"Aquilo que não me agradou foi ver o maior partido da direita portuguesa, o PSD, muito violento nas suas posições, com demasiados deputados que estavam comprometidos com grandes grupos económicos, ao mesmo tempo que exerciam o trabalho de deputados. E um partido com muitas lutas intestinais", argumenta.
Em Gondomar, no 26º. Congresso do CDS-PP, e enquanto militante centrista, Rodolfo foi apenas mais um entre várias dezenas que expressaram uma opinião em relação ao presente e ao futuro do CDS.
No momento em que defendia que a prioridade do partido deveria passar por um fortalecimento dos "valores cristãos e da identidade nacional", e quando o relógio já apontava para o final da intervenção, Rodolfo viu o presidente da Mesa do Congresso tentar cortar-lhe a palavra e não resistiu a fazer valer o estatuto especial: "Vocês nunca tiveram um cubano a falar aqui, sou quase como um convidado estrangeiro".
E, por entre aplausos e sem mais interrupções por parte da Mesa, Rodolfo acabou por concluir o discurso.