Rui Rocha rejeita "sebastianismo" e pede que não se espere por Cotrim para futuro da IL
O liberal acusa Luís Montenegro, José Luís Carneiro e André Ventura de serem "as caras" do "negócio mais ruinoso, mais inaceitável e mais perturbador", numa referência à reprivatização de 49,9% da TAP
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O presidente cessante da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, rejeita a ideia de "sebastianismo" e apela para que os liberais "não passem a vida à espera" que os antigos líderes regressem ao comando do partido. Garante ainda que, no futuro, não vai estar disponível para exercer cargos na IL, mas ressalva que estará presente nos "combates necessários", principalmente se não houver "proveito pessoal" (como é o caso das eleições presidenciais). Sobre a TAP, assegura que se os liberais estivessem no poder privatizariam a totalidade da companhia aérea, deixando duras críticas a Luís Montenegro, José Luís Carneiro e André Ventura.
Num discurso em jeito de despedida na X Convenção da IL, em Alcobaça, Leiria, Rui Rocha assume de forma tácita que dará o seu contributo "para combater o sebastianismo". Não estará, por isso, disponível para "qualquer tipo de função em órgãos do partido", mas ressalva que estará presente nas lutas necessárias, sobretudo naqueles que "não tenham nenhum proveito pessoal".
A este propósito, lembra que os últimos três líderes da IL, ainda que por "motivos diferentes", não acabaram os mandatos para que foram eleitos. Retira, por isso, conclusões.
"Os três últimos presidentes não querem ser presidentes do partido. Compreendam isso. Se quiserem, eles dão sinais. Mas não passem a vida à espera deles. Vamos para a frente. Vamos embora", apela, numa mensagem sobre João Cotrim de Figueiredo e Carlos Guimarães Pinto.
Aproveita ainda para apontar o dedo Luís Montenegro, José Luís Carneiro e André Ventura, acusando-os de serem "as caras" do "negócio ruinoso" da TAP. Rui Rocha é bastante crítico da escolha do Governo em reprivatizar 49,9% da companhia aérea, assegurando que, se o país estivesse sobre o comando do seu partido, as coisas seriam diferentes.
Indo mais longe, afirma mesmo que este é o "negócio mais ruinoso, mais inaceitável e mais perturbador da visão" dos liberais.
"Há hoje uma notícia a dizer que a TAP vale menos de 500 milhões. São dez indemnizações aprovadas por WhatsApp. (...) Nunca poderíamos olhar para um buraco sem fundo, como foi dito pelo senhor primeiro-ministro e dizer 'privatize-se apenas 49% e nós ficamos com o resto do buraco'. Não pode ser, não era para isso que cá estávamos", insiste.
A privatização total da TAP é uma das bandeiras de sempre do partido.
Já numa reflexão sobre a sua liderança, admite que tinha como objetivo "reforçar a votação" e a "influência" do partido na governação. Ainda assim, as metas "não foram cumpridas".
"Chegamos ao momento das eleições em que a Iniciativa Liberal teve, em três eleições consecutivas, cerca de 5%. E a Iniciativa Liberal tem a legitimidade, tem a vontade, tem a capacidade de ser muito mais relevante. Sendo eu exigente, sendo liberal, sendo fiel à verdade aquilo que se entregou em termos de resultados, não foi aquilo que determinei como critério de ambição", confessa.
Esclarece, por isso, que a decisão de apresentar demissão foi, acima de tudo, uma questão "política", que decorreu de uma "avaliação das circunstâncias" e do "desprendimento" que acredita que o partido "merece".
"Por outro lado, houve vozes relevantes na Iniciativa Liberal que comentaram os resultados. Pois eu quero também dizer que a decisão foi minha e que essas vozes foram absolutamente irrelevantes nessa tomada de decisão", vinca.