O candidato do Livre às eleições europeias promete fazer cursos para que os portugueses estejam mais esclarecidos sobre a União Europeia."Europeísta", desafia a esquerda a mostrar "como pode ocorrer a saída".
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É contra "o consenso em tom de farsa" que Rui Tavares é novamente candidato ao Parlamento Europeu, desta vez pelo Livre, depois de já ter sido eleito, em 2003, pelo Bloco de Esquerda. E é para a esquerda "catastrofista" que dirige as críticas de "nunca explicar" como pode ocorrer uma saída da União Europeia. Em entrevista à TSF, Rui Tavares assume-se como alguém que tem uma "paixão profunda pela cidadania europeia" e que, acreditando no projeto europeu, "não foge aos problemas" e desafia a esquerda a clarificar posições.
"Nesta campanha, vamos forçá-los a dizer como querem fazer. Eles têm de ser claros perante os cidadãos portugueses em relação a como é que querem fazer a saída. Não aceito o derrotismo que diz que Portugal não risca para nada na Europa. Então aqueles que dizem isso porque é que se candidatam?", questiona o candidato.
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Para o cabeça-de-lista do Livre nas eleições de 26 de maio, existe, neste momento, um "consenso em tom de farsa" entre aqueles que apelida de "continuístas", ou seja, PS, PSD CDS-PP, mas também os "catastrofistas" BE e PCP.
Entre os quer defendem a permanência da UE tal como está e os que advogam a saída, Rui Tavares contrapõe uma terceira hipótese: a de uma União Europeia "democraticamente reformada" onde a "cidadania ativa" tenha um papel essencial.
"O Livre tem a oferecer um projeto sobre a União Europeia que tem de ser profundamente e democraticamente reformada. Achamos que isso é possível e urgente", diz à TSF o candidato.
Questionado sobre o alegado desinteresse sobre a Europa junto dos cidadãos, Rui Tavares cita as sondagens para considerar que "80 por cento dos portugueses não querem sair do euro e querem permanecer na União Europeia". "A verdade nua e crua é esta; ou a União fica como está, ou saímos, com todos os riscos que isso implica", insiste.
Sobre o eventual crescimento da extrema-direita nas próximas eleições, o historiador e candidato diz não estar convicto de que esse seja um cenário inevitável e lembra que "a pressão funciona". Rui Tavares recorda que, em 2003, derrotou o atual primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, no Parlamento Europeu, e "com muitos votos no Partido Popular Europeu e com muitos votos".
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"A minha pressão junto dos partidos que fazem parte do Partido Popular Europeu (PPE) para que expulsem Viktor Orbán do PPE já dura há muitos anos. Ainda não tive resposta de Paulo Rangel, mas o CDS-PP parece que agora, à beira de eleições finalmente - e apesar de ter sido muito fã de Viktor Orbán - já começa a dizer que Orbán não pode estar no PPE. Esperamos para ver quando é que Paulo Rangel o diz. Ou seja, a pressão funciona", atira.
Rui Tavares quer "cursos de cidadania" para aproximar portugueses da Europa
Em 2010, enquanto eurodeputado independente eleito na lista do Bloco de Esquera, Rui Tavares ficou conhecido por avançar com um programa de bolsas de estudo para várias áreas profissionais e que foram, em parte, financiadas pelo próprio. Agora, quase uma década depois, o candidato quer fazer "algo de mais ambicioso e para chegar a mais gente".
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"Quero promover cursos de cidadania em direitos europeus para colocar Portugal na linha da frente e transformá-lo no país mais ativo em termos de cidadania europeia", diz o candidato, sublinhando que o Livre é o "único partido em Portugal que faz eleições primárias para escolhas de candidatos, porque não acredita na política feita por convite no círculo restrito das direções partidárias".
E acrescenta: "Imaginem só o que seria se centenas ou milhares dos nossos concidadãos aprendessem interpor um processo no Tribunal de Justiça da União Europeia, algo que nos teria dado muito jeito nos tempos da troica, já que poderíamos ter posto a troica em tribunal; ou como fazer uma iniciativa legislativa cidadã à escala europeia", diz Rui Tavares, que refere que tal só acontece "dando informação e formação", o que, considera o candidato, "nem a Comissão Europeia pode fazer, nem o Governo parece estar interessado".