Rússia vai "tomar as Berlengas"? PCP acusa Rutte de ser "encarregado de negócios" do armamento
Paulo Raimundo criticou os objetivos desta vinda de Mark Rutte por considerar que está incluída "num processo de pressão e chantagem
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O líder do PCP repudiou esta segunda-feira os objetivos da visita do secretário-geral da NATO a Portugal e recusou cortes de salários ou pensões, acusando Mark Rutte de ser "um autêntico encarregado de negócios" da indústria do armamento.
Em conferência de imprensa na sede do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo criticou, em nome dos comunistas, os objetivos desta vinda de Mark Rutte por considerar que está incluída "num processo de pressão e chantagem para o aumento dos gastos militares e a promoção da deriva belicista".
"É preciso ter presente que Mark Rutte, que se comporta como um autêntico encarregado de negócios do complexo militar industrial, é o mesmo que publicamente defende cortes na saúde, nas pensões e prestações sociais, para aumentar ainda mais o financiamento da escalada armamentista e da guerra", condenou.
O PCP, segundo o seu líder, não aceita e combate os objetivos de cortes de salários, pensões ou serviços públicos para garantir "meios e recursos para a indústria da guerra".
Questionado sobre se não acreditava nas palavras do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que o compromisso do Governo em reforçar o seu investimento em Defesa será feito sem "colocar minimamente em causa o equilíbrio financeiro" ou o Estado social, Paulo Raimundo disse que não.
"Não acredito porque o grau de compromisso é muito grande. (...) O senhor primeiro-ministro confirmou hoje que os compromissos com a NATO são para cumprir. Os meios que existem, são o que são, se anteciparem os tais 2% vai ter que faltar de algum lado", disse.
Defendendo que "a única forma de garantir a segurança internacional e a paz não é o caminho do armamento, mas sim caminhar para o desarmamento", o líder do PCP reiterou que "o atual secretário-geral da NATO comporta-se como um autêntico encarregado de negócios da indústria do armamento".
"E como um verdadeiro encarregado de negócios precisa de encontrar todos os argumentos para vender o seu serviço. É o que ele está a fazer", disse.
Questionado sobre se considera que há uma ameaça russa já que Moscovo tem armamento que consegue atingir a costa portuguesa, tal como defendeu Mark Rutte, o líder do PCP começou por ironizar: "Em que sentido? Na tomada das Berlengas?".
"Alguém sério tem que perceber que isso está longe de estar em causa. Não precisamos de criar um inimigo, um pretexto. (...) O senhor primeiro-ministro tem esse sonho de aproveitar essa oportunidade para fazer umas botas, uns chapéus, umas tiras para armas, tem esse sonho", enfatizou.