Presidente do Conselho Económico e Social deixa o aviso ao PS: o consumo não está a puxar a economia e o investimento está em queda. E outro: negociar à esquerda esvazia a concertação.
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A procura interna "não tem tido o papel que se pensaria". É "preocupante termos níveis tão baixos de investimento". E é preciso "criar contexto para dar confiança e trazer investimento". Tudo isto, diz Luís Filipe Pereira, presidente do Conselho Económico e Social (CES), "só se faz no contexto europeu" - e daí que seja "preocupante" o discurso do PCP e Bloco contra a Europa. "Sair do euro seria uma catástrofe para a população", diz em entrevista à TSF.
"Há partidos que não querem a Europa, não querem o euro, querem algo que, se olharmos para trás, a maioria da população votou sempre contra isto."
Dizendo que o país está "sempre a olhar para as consequências e nunca para as causas dos problemas", Luís Filipe Pereira dá a nota para o Governo: "Temos de ser mais competitivos, porque estamos num mundo global." E as reversões de políticas não ajudam a criar esse contexto - desde logo a suspensão da descida do IRC.
Para António Costa fica um alerta. O PS tem grupos de trabalho com o Bloco para discutir matérias que estão na concentração social, como o aperto da flexibilidade laboral. Mas "concertação significa negociação. E se uma parte tem o poder de impor fora desse contexto, então vai esvaziar a concentração social".
O empresário diz que está disposto a esperar que PS e PSD se entendam sobre quem vai liderar o CES, agora que o seu mandato terminou. Mas não vai ficar à espera parado: lançou um debate sobre a Segurança Social, tema em que os dois partidos "estão obrigados a entender-se".