Presidente do CDS-PP acusa PS, PCP e BE de apenas pretenderem "obter títulos de jornais" com as conversas sobre salário mínimo. O líder da UGT teme que governo de gestão possa não ter "margem de manobra" para levar salário mínimo à concertação social.
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"Nós não devemos substituir a concertação social - em que estão os representantes dos empregadores e dos trabalhadores - por mera ação partidária para obter títulos de jornais no dia seguinte", disse Paulo Portas à saída do encontro entre a delegação da coligação PàF e a UGT.
Depois de cerca de uma hora e meia de reunião, o líder do CDS-PP criticou "as tais negociações" que decorrem "entre as esquerdas", tendo em vista uma eventual atualização do salário mínimo, e afirmou: "Partidos democráticos sabem que a questão do salário mínimo nacional tem, desde logo, e em primeiro lugar, de ser vista na concertação social".
Paulo Portas defende que foi na na concertação social que se chegou a um acordo para "descongelar" o salário mínimo nacional que "tinha sido congelado pelo Partido Socialista antes da troika".
O presidente do CDS-PP disse ainda que as entrevistas que têm sido dadas pelos líderes da "tal frente de esquerda" têm-lhe transmitido uma ideia de fragilidade: "Tudo o que vejo é frágil".
UGT teme pouca "margem de manobra" de um governo de gestão
"Um governo de gestão pode não ter margem de manobra para levar à concertação social uma atualização do salário mínimo", afirmou o secretário-geral da UGT.
Carlos Silva considera que ao tratar-se de "uma competência de uma governo e não da Assembleia da República", um governo de gestão pode não ter capacidade de "proceder a essa análise e a essa aplicação".
"Não nos passa pela cabeça que o parlamento possa, eventualmente, retirar à concertação social o seu peso e o seu lugar na sociedade portuguesa", acrescentou.
Depois do encontro com a delegação da coligação, composta por Paulo Portas e Pedro Mota Soares, do CDS-PP, e por Matos Rosa e Luís Montenegro, do PSD, o líder da UGT disse ainda que a central sindical "estará sempre disponível para, qualquer que seja o Governo que aí venha, aprofundar a concertação social".
Questionado sobre as declarações proferidas numa entrevista, há cerca de duas semanas, em que se mostrou favorável a um governo liderado pela coligação PSD/CD-PP, com apoio do PS, por oposição a um acordo à esquerda, Carlos Silva reforçou que essa é uma "opinião pessoal" que não se confunde com a da UGT.
E esclareceu: "Não sou um cata-vento. Aquilo que digo é a minha opinião", admitindo que essa posição lhe criou "dissensões dentro da UGT, sanadas desde a passada sexta-feira".
"Quando recebo mensagens, percebo-as à primeira, tirei as minhas ilações e, portanto, aqui a opinião não é pessoal é da central sindical", concluiu.