O ministro dos Negócios Estrangeiros rejeita guerras de política interna sobre as eventuais sanções a Portugal, pedindo "união em defesa do interesse nacional". O PSD acusou Santos Silva de cinismo.
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"Numa discussão política, não consigo compreender como neste momento se procura quase retirar da Comissão Europeia e do Ecofin a responsabilidade por o que uma propôs e outra hoje decidiu, querendo atirar essa responsabilidade inteirinha para um Governo que não teve nada a ver com a execução orçamental que está em causa", disse hoje o ministro, numa audição da comissão parlamentar de Assuntos Europeus, muito dominada sobre a possibilidade de Portugal ser sancionado por défice excessivo.
"O atual Governo não faz o exercício simétrico. Não aproveitamos para efeitos de política interna ou de juízo histórico ou de tornar mais difícil a vida, hoje, daqueles que tiveram responsabilidade num momento recente. Deixemos isso aos historiadores. O que temos de fazer é unirmo-nos em defesa do interesse nacional", considerou, numa resposta ao deputado do CDS Pedro Mota Soares.
Posição fortemente criticada por Miguel Morgado (PSD), para quem esta posição pretende silenciar os partidos da oposição.
"Apelo a que abandone de vez essa retórica. A invocação da causa patriótica, quando sabemos que apenas serve propósitos de política nacional, tem um nome e esse nome é cinismo", afirmou, sublinhando que o anterior primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "nunca usou esse argumento da União Nacional salazarista para tentar silenciar as críticas do PS, do Bloco de Esquerda e do PCP".