Sanções no Parlamento? PSD não as vê como "garantia", PS critica "atuação pouco firme" de Aguiar-Branco
O partido liderado por Pedro Nuno Santos leva o caso dos insultos do Chega à conferência de líderes para que "não se ultrapassem limites que põem em causa a própria moral". O PSD não acredita que sanções sejam "suficientes" para combater a "baixeza vil": "A boa educação diz muito sobre nós próprios"
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O Partido Socialista defende, na Manhã TSF desta terça-feira, que Aguiar-Branco "pode ter uma atuação mais firme" na moderação dos debates e, assim, evitar-se-ia pensar em aplicação de sanções. Já o PSD admite que "se atingiu limites de baixeza vil", mas duvida que penalizações sejam a melhor solução.
A conferência de líderes vai analisar na quarta-feira os apartes e insultos proferidos pelo Chega em relação à deputada socialista Ana Sofia Antunes, durante o debate de quinta-feira à tarde. Uma discussão que passa também por uma reflexão sobre o código de conduta dos deputados e, eventualmente, a adoção de sanções para de situações de faltas de respeito.
O vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Alexandre Poço, refere que o partido está "disponível" para discutir a implementação de sanções. Contudo, é cético que isso "seja suficiente": "A boa educação e a forma como lidamos com quem discordamos diz muito sobre nós próprios", justifica.
"Não sei se colocar sanções será uma bala de prata para resolver este assunto. Agora que o assunto atingiu limites de insulto e de uma baixeza vil, atingiu."
Alexandre Poço não vê as sanções como "garantia" de que as faltas de respeito acabem no Parlamento: "Quando nós achamos que alcançámos o limite de grosseria, depois, infelizmente, conseguimos ser sempre surpreendidos com uma situação ainda pior."
Sendo que o "povo é soberano", Alexandra Poço defende que podem ser os portugueses a penalizarem os partidos cujos "comportamentos [dos políticos] desiludam": "As pessoas, ao verem o espetáculo que alguns dos seus representantes dão, pode ser que pensem duas vezes em quem votaram."
Por sua vez, a vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Marina Gonçalves, não quis adiantar que propostas vão ser apresentadas, mas deixa claro o objetivo: "Que o Parlamento seja um espaço de urbanidade, de boa educação, onde não se ultrapassem limites que põem em causa a nossa própria legislação. Mais do que isso: a nossa própria moral. Que não tenhamos 50 deputados que constantemente colocam em causa todos estes direitos, todos estes deveres, já numa lógica de coação moral. Isso não pode ser admissível."
Da "suspensão de deputados" à "retirada da palavra por determinado tempo", Marina Gonçalves lembra alguns exemplos daquilo que é feito em outros parlamentos na Europa. "Discussão já fizemos muita" e o resultado é nulo, assinala ainda.
E critica a inércia de Aguiar-Branco: "O presidente da Assembleia da República poderia ter tido uma atuação mais firme, ao longo dos meses. Se calhar teria evitado chegarmos a este momento, em que temos que mudar a legislação."
