Santana ouve "zunzum de alta fonte" e avisa que cortar na ferrovia para reforçar investimento em Defesa seria "erro crasso"
“Há um zunzum, um zunzum, mas de alta fonte, de que não se mexe no Estado Social para reforçar o investimento na Defesa. Então mexe-se onde? Ou a economia cresce, ou há um zumzum de que o corte pode ser na ferrovia. Nalgum lado tem de haver corte, eu só quero dizer que na ferrovia é um erro crasso”, avisa
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O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes disse esta terça-feira esperar que o reforço anunciado do investimento em Defesa não signifique cortes na ferrovia, dizendo ter ouvido “um zunzum de alta fonte” nesse sentido.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz, independente, mas recandidato com o apoio do PSD, foi um dos oradores nas jornadas parlamentares do PSD/CDS-PP, que esta terça-feira terminam em Évora, num painel sobre “O Poder Local e a Reforma do Estado”.
“Há um zunzum, um zunzum, mas de alta fonte, de que não se mexe no Estado Social para reforçar o investimento na Defesa. Então mexe-se onde? Ou a economia cresce, ou há um zumzum de que o corte pode ser na ferrovia. Nalgum lado tem de haver corte, eu só quero dizer que na ferrovia é um erro crasso”, avisou.
Sobre o tema do painel, Santana Lopes admitiu que “é uma ousadia” o segundo Governo de Luís Montenegro ter criado um ministério próprio para a Reforma do Estado, mas disse ter cada vez mais dúvidas sobre os poderes das estruturas intermédias.
“Eu que, até certa altura, sempre admiti o caminho da regionalização, hoje em dia tenho mais medo das entidades regionais do que da dependência do poder central”, afirmou. Por isso, defendeu, a guerra não pode ser “só à burocracia, tem de ser aos pequenos poderes, aos ditadorezinhos”, que considera existirem por vezes nas estruturas intermédias.
O outro orador do painel, o candidato do PSD/CDS-PP/IL à Câmara Municipal do Porto, Pedro Duarte, mostrou-se mais entusiasmado com a Reforma do Estado, dizendo ter uma confiança “total e absoluta” na visão do primeiro-ministro, que classificou como “uma mudança de chip”.
“Depois de oito anos em que também nesta matéria houve uma absoluta apatia, aqueles onze meses de aprendizagem já permitiram que o próprio primeiro-ministro tenha percebido de forma absolutamente clara e inequívoca que esta é uma matéria fundamental para o futuro do país e está a assumi-la como tal”, defendeu.
Pedro Duarte considerou que a Reforma do Estado pode ser “uma grande oportunidade” também para os autarcas, onde espera incluir-se a partir das eleições de 12 de outubro.
“E já agora, se for preciso uns projetos-piloto para experimentar este aprofundamento da descentralização, o Porto estará disponível para darmos o pontapé de saída, como eu estou certo que outros estarão”, disse.