Santos Silva aponta “profundas divisões" em Portugal e pede atenção a "campanha de desinformação" no Brasil

O ainda Presidente da Assembleia da República insistiu esta quinta-feira na necessidade de serem conhecidos os resultados da investigação da Operação Influencer, que ditou a demissão de António Costa do cargo do primeiro-ministro. Após a derrota socialista e a perda de lugar no Parlamento, Augusto Santos Silva defendeu ainda uma reflexão sobre os resultados das legislativas e da influência da extrema-direita no mundo. 

“António Costa merece o que qualquer cidadão merece”, começou por afirmar Augusto Santos Silva, em declarações à TSF, pedindo que “o Supremo Tribunal de Justiça esclareça tão rapidamente quanto possível o país sobre quais os fundamentos do inquérito que ocorre”. 

Relativamente aos resultados das eleições de 10 de março, Santos Silva falou de “profundas divisões entre os portugueses”, do ponto de vista territorial, geracional e de género, deixando o aviso: “Temos de ser capazes de comunicar com os mais jovens para que a ideologia não se transforme objeto de coleção de museu.” 

Augusto Santos Silva perdeu o lugar no círculo fora da Europa para um deputado do Chega. Além de destacar a incompatibilidade entre ambos, o socialista apontou, por outro lado, outro aspeto para reflexão futura. 

“Fora da Europa, o PS não conseguiu renovar o mandato o seu deputado por causa do Brasil”, disse, sublinhando a “necessidade de olhar com cuidado para a campanha que Bolsonaro conduziu no Brasil contra os partidos democráticos portugueses”. 

“Uma campanha de desinformação que nós conhecemos bem como funciona. É preciso olhar com cuidado também para essa dimensão”, acrescentou. 

A AD venceu pelo circulo fora da Europa as eleições legislativas, obtendo 22,90% (22.636 votos), seguindo-se o Chega, com 18,27% e 18.067 votos. 

Foram eleitos por este círculo José Cesário (AD) e Manuel Magno (Chega). 

O PS foi o terceiro mais votado, com 14,58% (14.410 votos), um resultado que deixa de fora do Parlamento o atual presidente Augusto Santos Silva. 

Neste círculo foram apurados oito consulados e registados 98.866 votantes, dos 609.436 inscritos.