“Sebastião Bugalho não é uma estratégia defensiva, é uma estratégia de ataque”
Em entrevista à TSF, o antigo presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, enaltece a escolha "de modernidade e criatividade" para encabeçar a lista da Aliança Democrática às eleições europeias marcadas para 9 de junho. O ex-autarca critica Rui Moreira e elogia as escolhas de Montenegro para o Governo.
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Depois de levantar a voz contra a intenção da Aliança Democrática lançar Rui Moreira para liderar a lista às eleições europeias, Luís Filipe Menezes não poupa agora elogios à segunda escolha: Sebastião Bugalho. Em entrevista à TSF, o antigo presidente social-democrata admite que ficou “surpreendido pela positiva" com o nome do até agora comentador político da SIC.
“A estratégia da liderança do PSD superou aquilo que eu era capaz de imaginar. Não é uma estratégia defensiva, é uma estratégia de ataque. Acho que a imagem que passa de Sebastião Bugalho é uma imagem de modernidade, pela sua juventude, é uma imagem de qualidade, pela sua manifesta qualidade intelectual, é uma imagem de criatividade. Acho que é alguém que também inibe, pelo contraste, as candidaturas de esquerda, muito respeitáveis, mas muito cinzentas, e inibe a candidatura à nossa direita”, afirma.
Para o ex-autarca de Vila Nova de Gaia, o perfil de Rui Moreira não respondia ao eleitorado do PSD, sublinhando que as eleições europeias “são sempre difíceis para os grandes partidos” devido sobretudo à abstenção. À TSF, não poupa nas críticas ao atual presidente da Câmara do Porto, que está em final de mandato.
“É um péssimo presidente da Câmara do Porto. O Porto parece Sarajevo bombardeada, não se consegue andar, o trânsito é caótico, a cidade está suja. Não há uma obra em dez anos, não há um golpe de génio, há só um glamour um bocado já atrapalhado, que já não convence ninguém”, lamenta, apontando falta de coerência no discurso do autarca.
“A história de intervenção política de Rui Moreira é de CDS, é do PS, é de apoio a Pinto da Costa e desapoiar, é de apoiar Rui Rio e depois dizer que deveria ser expulso do PSD por ter prejudicado a minha candidatura. É de me ter apoiado a mim para primeiro-ministro e depois dizer que eu era mau gestor”, recorda.
O Governo de Montenegro e a relação do Chega com o PSD
Luís Filipe Menezes afirma que o Governo liderado por Luís Montenegro enfrenta “um forte condicionamento” no Parlamento. Nesta entrevista à TSF, o ex-líder do PSD sublinha que é apenas a segunda vez em democracia que um executivo governa desta forma, lembrando o PRD na década de 1980. “Ainda assim, de uma forma tão tensa, com oposição à esquerda e à direita, é a primeira vez que um partido se vê nestas circunstâncias.”
Quanto aos primeiros dias do Governo de Luís Montenegro, Menezes deixa elogios “a Paulo Rangel”, a quem foi entregue a pasta dos Negócios Estrangeiros e onde fará “a diferença”. Vejo gente mais preparada não significa que tenha sucesso politicamente, mas se compararmos com os últimos governos, que respeito, mas todos sabíamos que eram governos de ex-assessores que passaram a chefe de gabinete, que passou a secretário de Estado, a ministro, gente que nunca esteve no mercado de trabalho”, critica.
Sobre a relação à direita com o Chega, Luís Filipe Menezes pede medidas concretas que “satisfaçam o milhão de portugueses” que votou no partido de André Ventura. “Se o PSD tiver políticas verdadeiramente efetivas e claras em relação a matérias como a segurança, sem se aproximar de tiques xenófobos ou racistas, ser mais rigoroso em relação a políticas de imigração, se for mais cuidadoso com alguns grupos sócio-profissionais, como é o caso das forças de segurança, como aqueles que trabalho na investigação criminal, nos tribunais, se for mais equitativo na distribuição de recursos e intervir na injustiça que tem sido feita aos professores, se resolver esse tipo de problemas, o espaço político de quem cresceu muito com essas bandeiras fica bastante encurtado”, defende.
Mas para o antigo líder social-democrata, “o Chega tem de ser tratado como outro qualquer partido”. “O PSD tem de dialogar com o Chega. O Chega é um partido de direita, com uma postura formal mais radical, mas não é o partido da senhora Le Pen, nem daquele senhor loiro holandês radical.”
Comparando com a aceitação de regimes de extrema-esquerda, para Luís Filipe Menezes não “faz o mínimo sentido estar a referenciar André Ventura quase como se fosse herdeiro do holocausto ou um percursos das doutrinas de Mussolini. Isso é uma completa estupidez, é mesmo algo de imbecil, que visa condicionar o PSD. Deve dialogar com outros partidos, com o PS e com o Chega”.