Secretaria de Estado da Saúde diz que Governo "não estava à espera do impacto" da greve dos técnicos do INEM
A crise no INEM advém do "desinvestimento feito nos últimos oito anos", defende Cristina Vaz Tomé, salientando que as "várias queixas" do setor não são novidade
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A secretaria de Estado da Saúde afirmou esta sexta-feira que o Governo "não estava à espera do impacto" que as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar e da função pública tiveram na prestação de socorro.
Em declarações aos jornalistas, Cristina Vaz Tomé admite que o ministério foi informado acerca do pré-aviso de greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar. Ainda assim, culpa a falta de investimento no INEM, ao longo dos anos, pelos problemas que se verificaram no socorro ao atendimento aos casos de emergência médica.
"Tivemos conhecimento do pré-aviso de greve. Aliás, já houve greves semelhantes a esta - a última foi em 2023 -, e não estávamos à espera do impacto que resulta da conjugação de duas greves na segunda-feira", confessa.
Rejeita igualmente a ideia de "dessincronia" do Governo em relação a esta classe profissional, garantindo que o Executivo já resolveu alguns problemas.
"O que houve foi um desinvestimento nos últimos oito anos no INEM, que resulta na situação de hoje. Tivemos de resolver os problemas dos helicópteros, a contratação de 200 técnicos de emergência pré-hospitalar (TEP), recordo que 2023 para 2024 perderam-se 13% dos TEP", explica.
A secretaria de Estado da Saúde acrescenta ainda que as queixas sobre o INEM não são novidade e lança criticas aos jornalistas, acusando-os de "anemia".
"Eu acho que a comunicação social também está com um bocadinho de anemia: nos últimos anos houve várias queixas. Nós temos os dados desde 2019 - para não ir mais atrás -, e o tempo de espera que nós temos das chamadas é equivalente ao que tínhamos em 2019. Não há aqui um exagero em termos dos atrasos", sublinha.
Os técnicos de emergência pré-hospitalar iniciaram no dia 30 de outubro uma greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais.
A paralisação foi suspensa na quinta-feira, após o sindicato ter assinado um protocolo negocial com o Ministério da Saúde.
Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.
Pelo menos seis pessoas terão morrido na última semana em consequência dos atrasos no atendimento na linha 112, tendo o INEM já confirmado o impacto da greve.