
José Fonseca Fernandes
António José Seguro disse que Gouveia e Melo é inexperiente politicamente, autoritário e representa a direita, enquanto o almirante acusa o socialista de ser candidato de fação dentro do partido e de não ter capacidade de liderança
O candidato presidencial António José Seguro acusou esta terça-feira Gouveia e Melo de ser inexperiente politicamente, autoritário e representar a direita, enquanto o almirante considerou o oponente de ser candidato de fação do PS, sem capacidade de liderança.
António José Seguro e o almirante Gouveia e Melo travaram na SIC mais um debate neste período de pré-campanha para as eleições presidenciais. Um debate que foi tenso entre ambos nos primeiros 14 minutos, repletos de troca de acusações, mas que registou depois um período de concordância em alguns domínios de políticas de Estado, sobretudo na questão da justiça.
O antigo secretário-geral do PS deixou a primeira farpa quando defendeu que Portugal precisa de um Presidente da República com experiência política, "que não venha ao improviso e não venha aprender no cargo".
A resposta do ex-chefe do Estado-Maior da Armada foi dura, atacando diretamente o candidato apoiado pelo PS, dizendo que ele "não é um líder para os tempos modernos", que é inseguro e que está na corrida a Belém para procurar "reciclar a sua carreira política" após 11 anos de afastamento.
"O doutor Mário Soares, há 11 anos, disse isso de forma clara, disse que o senhor era inseguro e que os seus eleitores não deviam confiar em si", declarou.
No contra-ataque ao argumento de Seguro sobre a sua inexperiência, o almirante contrapôs que esteve em missões após a tragédia do incêndio de Pedrógão em 2017 e na coordenação do processo de vacinação contra a covid-19.
"Não sou um profissional da política, sou um profissional de resultados", rematou.
O candidato apoiado pelo PS trouxe então à memória a forma como o ex-chefe do Estado-Maior da Armada reagiu a uma insubordinação na Madeira, dizendo que Gouveia e Melo humilhou os seus militares perante canais de televisão.
"Liderar em democracia não é dar ordens. Liderar em democracia é fazer compromissos, alianças, promover consensos. E é isso que o nosso país precisa. Essa atitude que teve na Madeira não o qualifica para candidato, nem sequer para Presidente", atacou Seguro, com o almirante a alegar que, com essa sua atitude, travou "um rastilho perigoso" para as Forças Armadas.
Ainda nesta fase do debate, António José Seguro acusou Gouveia e Melo de representar o campo político do PSD, do Chega e do CDS.
"Quem é que foi reunir com o líder de CDS [Nuno Melo] à noite num bar de Lisboa? Foi o senhor. Quem é que teve um almoço secreto com o líder do Chega [André Ventura}? O senhor. Quem é que escolheu como mandatário um ex-líder partidário do PSD [Rui Rio]? O senhor. CDS, Chega, PSD, todos juntos, é isso que o senhor representa, é esse campo político", apontou Seguro.
Gouveia e Melo respondeu que representa "outro campo político também, que é o PS", classificando depois o seu oponente como representante de "uma fação do PS".
"Nem consegue fazer o pleno do PS. E daí a sua preocupação com esses ataques que me está a fazer", ripostou o almirante.
