Seguro em Belém? Um "bom nome" do "centro-esquerda", mas função "exige perfil mais rígido"
António José Seguro esteve dez anos fora da vida política, por isso, "muitos eleitores não têm sequer uma memória viva" do homem que já liderou o PS, defende o antigo deputado socialista Ascenso Simões, no Fórum TSF
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Começam a posicionar-se os candidatos a Belém. Entrevistado na última noite pela CNN Portugal, António José Seguro admitiu que está "a ponderar" entrar na corrida à Presidência da República. No Fórum TSF, militantes do Partido Socialista (PS) não duvidam das capacidades do homem que já foi secretário-geral, mas, no caminho até à meta, há obstáculos: o cargo "exige um perfil mais rígido" e dez anos longe do cenário político não jogam a seu favor.
O antigo líder parlamentar do PS Eurico Brilhante Dias defende que Seguro daria um bom chefe de Estado e mostra-se confiante que será uma escolha bem recebida pelo partido liderado por Pedro Nuno Santos: "É claramente uma personalidade da área do centro-esquerda."
"A candidatura presidencial é um projeto individual de um cidadão", assinala Brilhante Dias, salientando que "a questão de 2014 ficou lá atrás e que não deve pesar neste momento", numa referência à disputa da liderança do PS com António Costa.
Por sua vez, o antigo deputado socialista Ascenso Simões elogia Seguro como "uma pessoa de grande craveira política e de grande estatuto moral". Porém, "a função presidencial exige mais do que estas duas características", em particular, "uma experiência de vida e um percurso político um pouco mais rígido".
"É claro que o doutor António José Seguro esteve dez anos afastado da vida política, em que não interveio, portanto, muitos dos eleitores não têm sequer uma memória viva da sua ação política, mas não é um candidato que se for apoiado pelo Partido Socialista deixa o Partido Socialista numa situação menos boa."
O antigo deputado acredita que há personalidades mais fortes na corrida a Belém, falando até numa possível segunda volta entre Mário Centeno — "com uma visão mais moderada, mais europeia" — e o almirante Gouveia e Melo — "com uma visão mais de ordem que hoje a direita reclama".
Passando a palavra a Vitor Ramalho, o socialista que foi consultor da Casa Civil do Presidente Mário Soares admite que o PS tem de apoiar um candidato que seja militante: "É necessário voltar à matriz fundacional: o respeito pela democracia, a autoridade democrática do Estado e ter a consciência que vivemos numa desordem internacional."
Então, Seguro é um bom nome? É alguém com "experiência forte e esteve estes últimos dez anos sem se intrometer na política, retirando consequências daquilo que ocorreu".
Sobre uma eventual candidatura de Gouveia e Melo, Vitor Ramalho, salvaguardando que "um militar tem todo o direito de ser candidato", coloca-se no lugar dos cidadãos: "Querem a reposição da autoridade democrática e um militar, pelo facto de ter tido a posição que teve quando foi a Covid-19, parece, para a opinião pública, que suscita as condições e qualidades de resposta à reposição desta necessidade. Porque a autoridade não é autoritarismo."

