Sem espaço para "aventuras", partidos políticos pedem "responsabilidade" e "compromisso" de todos
A TSF ouviu deputados do PSD, PS, Chega, IL, Livre e PAN sobre a atual situação política. O diálogo é uma prioridade para os partidos políticos, ainda que de fora fique o cenário de um bloco central
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Apesar das divergências, os partidos políticos com representação parlamentar estão de acordo numa coisa: a prioridade agora é garantir estabilidade no país. O PSD defende que o Presidente da República, que esta terça-feira começou a ouvir os líderes partidários, deve apelar à “responsabilidade” de todos. O PS fala em “tempo de ponderação”, o Chega pede que “arrogância” de Montenegro fique de fora, enquanto o Livre e o PCP temem que AD estenda a mão a André Ventura.
Ouvido esta manhã pela TSF, António Rodrigues, deputado do PSD, mostrou-se convicto de que Marcelo Rebelo de Sousa vai convidar Luís Montenegro a formar Governo. O social-democrata sublinhou também o chefe de Estado "procura estabilidade" e "não há espaço para aventuras".
"O Presidente da República tem aqui uma oportunidade para apelar à responsabilidade dos partidos", disse.
António Rodrigues confessou ainda que espera que "todos os partidos" contribuam para a estabilidade democrática e afastou a possibilidade de entendimentos só com um partido: "Quer com o Chega, quer o PS tem de haver consultas."
Questionado sobre uma revisão constitucional, António Rodrigues disse que "não é uma mera maioria" que vai trazer para cima da mesa esse cenário. O deputado do PSD argumentou que "não é esse o discurso que deve ser feito", até porque não faz parte das prioridades da AD.
Do lado do PS, o dirigente socialista António Mendonça Mendes concordou que pode existir diálogo entre os partidos políticos, sem formar um bloco central: "A única forma de a oposição viabilizar coisas do Governo não é com uma coligação".
Para António Mendonça Mendes, o primeiro-ministro deve "governar sem agendas radicais e populistas", já que "não é tempo para brincadeiras.
Embora o PS vá continuar a ser um partido empenhado no garante da estabilidade, o compromisso tem de ser de todos os partidos políticos, acrescentou.
"O país deve começar a viver alguma tranquilidade e estabilidade. (...) Os portugueses querem menos debates sobre cenários."
António Mendonça Mendes defendeu ainda que agora é "tempo de ponderação" para o PS e que o partido deve voltar a sintonizar-se com o eleitorado: "Este é o tempo do PS refletir e tomar decisões. Não é o tempo de protagonistas pessoais”, disse, numa referência indireta à possível candidatura de José Luís Carneiro.
Ouvido pela à TSF, Nuno Gabriel, do Chega, também manifestou interesse em garantir na estabilidade governativa, mas espera que Luís Montenegro dê “o primeiro passo” e deixe a "arrogância" da anterior legislatura de fora.
O deputado do partido liderado por André Ventura sublinhou que, muito possivelmente, o Chega pode tornar-se a segunda força política em Portugal e, portanto, desta vez a AD não tem como fugir a "conversas" com o partido.
"Não esperem que abdiquemos de um programa em nome da estabilidade, claro que vão ter que haver conversas", avisou.
IL, Livre e PCP alertam para crescimento do Chega
Já no Fórum TSF, Angelique da Teresa, deputada eleita da Iniciativa da Liberal (IL), não ficou indiferente ao crescimento do Chega nestas legislativas.
Para a liberal, “todos os partidos políticos devem trabalhar para que Portugal seja um produtor de soluções e não um acumulador de problemas, porque senão aquilo que vai acontecer é que, nas próximas eleições, vamos voltar a ter extremistas e populistas com melhores resultados do que partidos com visões reformistas”.
Também o Livre e o PCP manifestaram preocupação com o partido de extrema-direita.
“Em todos os países em que vemos partidos populistas e antidemocráticos, como o Chega, a aproximarem se do poder e conseguirem aceder de alguma forma ao poder... Muito dificilmente saem de lá”, disse Paulo Muacho, deputado do Livre.
Alfredo Maia, do PCP, concordou e disse ainda que os resultados das legislativas confirmam “esta deriva perigosa e negativa para os interesses das pessoas e dos trabalhadores”.
