Serviço militar obrigatório como pena alternativa? "Seria importante ouvir Marcelo e Montenegro"
António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, afirma que esta é uma proposta que não faz sentido, e que as Forças Armadas não podem servir de casa de correção.
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A polémica foi levantada por Nuno Melo, ministro da Defesa, e confirmada pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. O presidente do CDS, responsável pela pasta da Defesa no Executivo de Luís Montenegro, defendeu que o serviço militar obrigatório podia ser uma alternativa para os jovens que cometam pequenos delitos, e Margarida Blasco confirmou que Nuno Melo falou em nome de todo o Governo.
Ouvido pela TSF, António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos afirma que "se as afirmações do sr. ministro da Defesa já nos tinham causado espanto, incómodo e incredulidade, as afirmações da sr.ª ministra da Administração Interna tornam o assunto muito mais grave, porque isto não é um qualquer lapso de linguagem do ministro, mas sim, uma posição de todo o Governo". Nesse sentido, sublinha António Lima Coelho, seria importante "ouvir o sr. primeiro-ministro pronunciar-se sobre isto porque, se a sr.ª ministra da Administração Interna entende que isto pode ser uma solução, então que leve os tais delinquentes para as forças de segurança. Tenho a certeza que os meus camaradas das forças e serviços de segurança também não gostariam de se tornar os guardiões destes jovens delinquentes".
Lima Coelho lembra que as Forças Armadas são os guardiões da soberania e da defesa do país. Por isso, acrescenta o presidente da Associação Nacional de Sargentos, as Forças Armadas "não podem ser o escoadouro daquilo que a sociedade tem de menos bom, pelo contrário. As Forças Armadas devem servir como motivação para um serviço à pátria, um serviço à Nação, e motivação para um desenvolvimento social muito mais consciente daquilo que é servir Portugal, e não servir-se de Portugal. Estas declarações do sr. ministro da Defesa, corroboradas pela sr.ª ministra da Administração Interna, em nome de todo o Governo, só podem deixar os cidadãos muito preocupados".
António Lima Coelho termina com uma sugestão: ouvir Marcelo Rebelo de Sousa. "Seria importante, também, ouvir o sr. Presidente da República, e Comandante Supremo das Forças Armadas que, seguramente, terá uma palavra a dizer sobre isto, até pela sua função."
