Histórico social-democrata defende que o PSD sai fragilizado e será "difícil" recuperar até às eleições. Antigo governante compara Rio a Sá Carneiro e acredita que o atual líder sai reforçado desta crise
Corpo do artigo
José Silva Peneda, histórico social-democrata e conselheiro de Rui Rio, defendeu, este domingo em declarações à TSF, que a crise instalada no PSD é "uma insensatez" e se deve "a uma luta pelo poder interno" que fragiliza o partido.
"Algumas senhoras e alguns senhores não querem que Rui Rio escolha os deputados da próxima legislatura e vão fazer tudo para condicionar Rio e serem outros a escolher os deputados", asseverou, considerando que se trata de um "problema pelo poder interno. E as instituições quando se viram para problemas internos e deixam de defender o que devem defender, que é o país, normalmente definham ou acabam por morrer". "Eu julgo que o PSD corre esse risco com esta autoflagelação interna que não faz nenhum sentido", vaticina.
TSF\audio\2019\01\noticias\13\silva_peneda_1_insensatez_
O antigo Presidente do Conselho Económico e Social, que integrou o governo de Cavaco Silva, critica o momento escolhido por Luís Montenegro para abrir uma crise, mas acredita que o líder "sairá reforçado" da contenda com o antigo líder da bancada parlamentar.
Rio vencerá como Sá Carneiro
Em declarações à TSF, Silva Peneda diz que Rui Rio lhe fez "lembrar Sá Carneiro" na reação ao desafio lançado por Montenegro, adiantando que o presidente do PSD respondeu "como devia", ou seja, "com coragem e determinação" abrindo portas à clarificação.
"Eu fui parte do governo de Sá Carneiro e lembro-me perfeitamente dessa postura. Rui Rio fez-me lembrar essa postura", diz, recordando que Sá Carneiro conseguiu sobreviver a uma crise grave no partido, tornando-se em pouco tempo primeiro-ministro. "Eu julgo que Rui Rio vai sair vencedor desta contenda. Ele sai reforçado, infelizmente o PSD não sai", refere.
E as eleições?
Questionado sobre o momento escolhido pelos críticos de Rui Rio para o "assalto ao poder", o antigo governante pergunta: "Como é que a três meses de eleições se provoca uma crise desta natureza". "Isso é que não faz sentido. Isso só prova que quem provocou esta crise não está nada preocupado com o PSD, está preocupado com os seus problemas pessoais e com a luta interna pelo poder, pura e simplesmente", afirma. E mostra-se convencido de que o partido não conseguirá recuperar a tempo e conquistar bons resultados."É difícil. Ninguém de bom senso acreditará que, com estas lutas internas, o PSD sai reforçado. Sai fragilizado, qualquer que seja a consequência de tudo isto", conclui.