Um atentado contra o património ideológico do Partido Social Democrata. É desta forma que Silva Peneda interpreta o chumbo da Taxa Social Única (TSU) anunciado por Pedro Passos Coelho.
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Numa carta aberta publicada na edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, o antigo ministro do Emprego e Segurança Social dos governos de Cavaco Silva sublinha que a identidade do PSD foi construída com base no "apoio da classe média e em muitos portugueses do meio rural".
E se é verdade, diz Silva Peneda, que os governos presididos por Passos Coelho "não evidenciaram sinais evidentes de preocupação com a derrocada que se abateu sobre grande parte da classe média do país", a decisão agora anunciada terá consequências ainda piores. O antigo ministro e presidente do Conselho Económico e Social vaticina que será criada "uma rotura" na base dos "tradicionais apoiantes que estão nas pequenas e médias empresas, nas Misericórdias e em sindicatos da UGT".
Silva Peneda chama também a atenção para o facto do Partido Social Democrata ser um partido de consensos. Um partido que valoriza "a chamada sociedade civil" e que decide tendo em atenção os interesses dos vários intervenientes, conclui, "a concertação social é, por isso, um património do PSD".
E se Silva Peneda aceita que a atual direção social-democrata possa discordar da redução da TSU defendida pelo Governo, tem mais "dificuldade em aceitar que, de forma direta e objetiva, o meu partido vote ao lado de forças políticas que nunca valorizam a concertação social, nem o diálogo entre as partes, porque sempre tiveram uma conceção totalitária do exercício do poder".
O antigo ministro dos governos de Cavaco Silva deixa um aviso: "Quando se começa a alienar património, normalmente o que se segue é a falência". É com base nestes argumentos que Silva Peneda termina a carta aberta a Pedro Passos Coelho, com um apelo ao atual líder social democrata: "mude de opinião".