"Situação incomum e bizarra." BE diz que "não é normal" que Secretaria-Geral do Governo arranque sem líder
"A história é bizarra, porque o Governo achou que na calada do Natal podia alterar a lei para contratar um ex-secretário de Estado que ficou conhecido por defender o corte nos salários e nas pensões", disse Fabian Figueiredo à TSF
Corpo do artigo
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo, classifica como "bizarro" o facto de a nova Secretaria-Geral do Governo iniciar funções sem um secretário-geral.
"Convenhamos que é um bocado estranho uma Secretaria-Geral entrar em funções sem ter o secretário-geral. Não é normal que um organismo, um órgão de Estado, de Governo, funcione sem o seu responsável máximo. É uma situação incomum e bizarra", disse à TSF o líder da bancada parlamentar do BE.
Fabian Figueiredo acusa o Governo de "na calada do Natal" alterar a lei para que Hélder Rosalino assumir o cargo a ganhar 15 mil euros mensais: "A história é bizarra, porque o Governo achou que na calada do Natal podia alterar a lei para contratar um ex-secretário de Estado que ficou conhecido por defender o corte nos salários e nas pensões - recordemos que chegou a sua defender o corte de salários de 675 euros, é desta ordem de grandeza que estamos a falar - e queria pagar-lhe 15 mil euros e para isso alterou a lei para poder ganhar mais do que o Presidente da República, muito mais do que o Primeiro-Ministro, muito mais do que um deputado, para que seja pago um salário principesco."
Fabian Figueiredo diz ainda que não colhe o argumento de que é difícil recrutar pessoas para o Governo, atendendo aos valores dos salários que são pagos no setor empresarial.
"O país está cheio de pessoas que se dedicaram ao serviço público ao longo da história da nossa democracia. O salário médio em Portugal está muito longe do que Hélder Rosalino receberia se tivesse sido secretário-geral. O que não falta são pessoas que foram deputadas, que são competentes nas suas áreas de saber no setor privado, setor público, a administração pública tem vários altos quadros de competência reconhecida ou vários ministros que, concorde-se ou discorde-se, eram bons tecnicamente. Não há argumento para ser preciso pagar 15 mil euros para arranjar um secretário-geral para o Governo, convenhamos. Caso contrário, nenhuma empresa, nenhum setor do Estado, conseguia contratar aos quadros. Não é assim que funciona", disse o bloquista.
A nova Secretaria-Geral do Governo inicia funções esta quarta-feira, mas depois da indisponibilidade de Hélder Rosalino para assumir a liderança do órgão, este vai arrancar sem líder.
A notícia foi avançada pelo Expresso e confirmada pela TSF. O Governo não vai nomear, para já, um novo secretário-geral e o órgão vai arrancar apenas com adjuntos. Por enquanto, a equipa conta com quatro dos seis secretários-gerais adjuntos. João Rolo, atual secretário-geral da Economia, e Mafalda Santos, auditora-chefe do Departamento de Estudos, Prospetiva e Estratégia do Tribunal de Contas são dois dos membros que compõem a equipa.
