"Situação política é de pântano e é o pântano que permite que o Governo tenha de incluir iniciativas que não desejava"
N'O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, o historiador Pacheco Pereira refere que há iniciativas incluídas no Orçamento do Estado que "não são políticas consistentes de futuro e, acima de tudo, não respondem aos problemas do país". O tema das pensões também subiu a debate
Corpo do artigo
Portugal está um "pântano" em termos políticos e, por isso, o Governo teve de incluir, no Orçamento do Estado, algumas iniciativas que não queria. É esta a convicção de Pacheco Pereira. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, foi discutida a aprovação das contas do Estado para 2025, que, para o historiador e social democrata, não respondem aos interesses do país.
"O que pesa no processo do orçamento é, em primeiro lugar, a situação política geral e a situação política geral é de pântano e é o pântano que permite que o PS tome determinadas iniciativas e que o Governo tenha de incluir algumas iniciativas que não desejava. E no jogo desse pântano pode-se atribuir todo o valor àquilo que se conseguiu numa ou noutra circunstância, mas, na verdade, não são políticas consistentes de futuro e, acima de tudo, não respondem aos problemas do país", afirmou Pacheco Pereira.
Numa referência a um cartaz de rua do PS, onde se defende que, apesar do PSD, as pensões vão aumentar graças aos socialistas, o historiador fala em "demagogia profunda". "Se o Governo desatasse a pôr cartazes a dizer 'deve-se ao Governo 1001 benesses que deram até agora'... Também podia fazer, exatamente da mesma maneira", acrescentou.
Ainda sobre as pensões, Miguel Macedo, ex-ministro social democrata, sublinhou que o verdadeiro custo é a sustentabilidade da Segurança Social e aponta um estudo da Comissão Europeia sobre o envelhecimento e as pensões: "Em 2022, diz este relatório, a pensão média dos portugueses representava 69,4% do último salário de quem ia para a reforma. Segundo este relatório, em 2050, esse valor vai passar para 38,5% do último salário."
O cenário citado por Miguel Macedo está longe no tempo e da situação da Segurança Social portuguesa, como referiu a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão.
"A Segurança Social, neste momento, é excedentária. A Segurança Social contribui para o excedente orçamental. Se não se tivesse em conta o excedente do orçamento da Segurança Social, nós não tínhamos excedente. Quando o Partido Socialista foi Governo nos últimos oito anos, fez seis aumentos extraordinários. Não estou a falar de atualizações, porque essas resultam da lei, e aumentou em 40 anos a sustentabilidade da Segurança Social. Portugal é dos países onde há menos perda de valor entre o salário e a pensão", disse.
