No Parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que Portugal quis manter a "operacionalidade da embaixada" em Moscovo e por isso não recorreu à medida "do nível mais alto".
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Augusto Santos Silva garante que a posição portuguesa sobre o caso Skippal, o antigo espião russo que foi envenenado no Reino Unido, é "evolutiva" e "em linha com a União Europeia".
"É evolutiva? Sim pode ser", admitiu o ministro do Negócios Estrangeiros questionado pelos deputados. Santos Silva adianta, no entanto, que Portugal prefere o "reforço dos contactos civis" "novas sanções".
Esta manhã, no Parlamento, Augusto Santos Silva detalhou que Portugal segue "a par e passo" a posição da União Europeia, por exemplo,relativamente à chamada do embaixador português em Moscovo. Uma decisão que, na leitura do ministro "dá liberdade de manobra" para outras medidas.
Augusto Santos Silva defendeu que o Governo português considera que a decisão de chamar o embaixador português em Moscovo foi "a apropriada" tendo em conta a "informação disponível" e "a natureza dinâmica" do processo.
"Decidimos começar não pelo fim", disse, considerando que a chamada do embaixador Paulo Vizeu Pinheiro "para consultas" - no dia 27 de março e que se mantém ainda hoje - representou "um nível relativamente alto" de resposta diplomática, "mas não ainda o nível mais alto" - o que significaria a expulsão de diplomatas russos, como fizeram quase 30 países e a NATO.
O chefe da diplomacia portuguesa destacou que esta foi uma medida tomada "com prudência" e que Portugal mantém "todos os graus de liberdade".
Além disso, Santos Silva destacou que o Governo pretendeu manter a "operacionalidade da embaixada" em Moscovo, onde se mantêm dois diplomatas, após o regresso a Lisboa do embaixador, para continuar a prestar apoio consular e económico aos portugueses e empresários com interesses na Federação Russa.
Na semana passada, quase 30 países da Europa - incluindo mais de metade dos Estados-membros da União Europeia -, América do Norte e Austrália, bem como a NATO, decidiram a expulsão de diplomatas russos, afetando um total de 140 funcionários, na sequência do envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal no Reino Unido, cuja responsabilidade Londres atribui a Moscovo.
O ex-espião russo Serguei Skripal, 66 anos, e a filha, Yulia, de 33, foram expostos a um gás neurotóxico a 4 de março e encontrados inconscientes num banco perto de um centro comercial em Salisbury, sul de Inglaterra.
O Governo britânico responsabilizou a Rússia, mas Moscovo nega.
O ex-espião continua em estado crítico, mas a filha recuperou na semana passada e está consciente e capaz de falar, segundo as autoridades.