Socialistas aprovam por larga maioria programa de Governo apoiado por BE, PCP e PEV
Uma ampla maioria da Comissão Nacional do PS aprovou hoje a proposta de programa para um futuro executivo suportado também por BE, PCP e PEV. No Partido Socialista falta apenas a luz verde da Comissão Política.
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Entre os militantes presentes, 163 votaram favoravelmente, dois abstiveram-se e sete votaram contra. Segundo fonte partidária, houve 36 intervenções na discussão, além do secretário-geral, António Costa, das quais oito pronunciaram-se contra a orientacao do líder. A Comissão Nacional do PS "congratula-se pelos resultados já alcançados até ao momento nas negociações com o BE, o PCP e o PEV", aprovando "o documento Programa de Governo para a XIII Legislatura, no qual se procede à consolidação no programa eleitoral do PS do conjunto das alterações resultantes das negociações com BE, PCP e PEV", lê-se em comunicado, o qual mantém a intenção de apresentar uma moção de rejeição do programa governamental do elenco liderado por Passos Coelho e Paulo Portas.
"O PS está confiante de que BE, PCP e PEV darão consequência às posições publicamente assumidas sobre a existência de condições para a formação de um novo Governo com suporte parlamentar maioritário, estável e duradouro", afirma-se no documento.
Segundo o texto aprovado, "só assim se dará plena conclusão a um processo de diálogo e negociação que todos os partidos conduziram com boa-fé, lealdade e empenho, com o objetivo de garantir a melhoria da condição de vida dos portugueses".
O comunicado explicita que "foi possível chegar a um acordo" com bloquistas, comunistas e ecologistas "em torno de medidas" como "salários, incluindo salário mínimo e pensões", "emprego e luta contra a precariedade", "fiscalidade direta e indireta", "condições laborais na administração pública", "melhoria dos serviços públicos de saúde, educação e ensino superior", "sustentabilidade da segurança social" e "concessões e privatizações".
Na reunião foram poucos os que votaram contra, mas mesmo assim ouviram-se vozes dissonantes. Foi o caso de Álvaro Beleza e também de Ricardo Gonçalves que comparou o projeto de Governo de esquerda do secretário-geral do PS a um 'tuk-tuk'.
Ricardo Gonçalves, ex-deputado pelo círculo de Braga e um dos principais conselheiros do eurodeputado socialista Francisco Assis, fez uma das mais polémicas intervenções da reunião da Comissão Nacional do PS.
"Cheguei aqui a Lisboa e vi um 'tuk-tuk', o que me fez logo lembrar esse Governo que a direção do PS agora pretende formar com o apoio do PCP e Bloco de Esquerda. Tal como o 'tuk-tuk', esse Governo também faz muito barulho, mete-se por todas as vielas, leva alguma gente a bordo e até é exótico", referiu.
Depois, Ricardo Gonçalves apontou aquilo que, na sua perspetiva, é o principal problema do projeto de Governo de António Costa. "Tal como o 'tuk-tuk', parece um Governo puxado por uma motorizada e, como tal, não pode ir muito longe", disse, numa intervenção em que também criticou o caso "único" de PCP e Bloco de Esquerda prepararem-se para viabilizar um Governo do PS sem fazerem parte dele. "Isto não tem futuro", considerou o dirigente socialista de Braga, numa intervenção recebida por protestos por parte dos elementos mais próximos do secretário-geral do PS.
O PS reúne ainda domingo a sua Comissão Política, pelas 21:30, na sede nacional do largo do Rato. O PCP também terá o seu Comité Central reunido durante o dia, no edifício da rua Soeiro Pereira Gomes, e o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, dará uma conferência de imprensa pelas 19:00.