Em declarações à imprensa estrangeira, o ex-primeiro-ministro recordou que o processo da "Operação Marquês" começou quando "a direita política estava convencida" de que iria candidatar-se a Belém.
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O ex-primeiro-ministro José Sócrates reiterou esta quarta-feira, em declarações aos correspondentes estrangeiros em Portugal, que o processo judicial em que está envolvido resulta de uma campanha orquestrada pela direita para evitar a sua candidatura a Presidente da República.
Citado pela agência EFE, José Sócrates assegurou que o propósito foi impedir que se apresentasse como candidato a Presidente da República, considerando que o Ministério Público foi instrumentalizado com um "objetivo político".
Num encontro com correspondentes estrangeiros, que se realizou em Lisboa, o ex-chefe de Governo socialista explicou que aquilo que fizeram foi procurar "uma forma de criminalizar o Governo anterior", dando início aquilo que classificou como "uma gigantesca investigação a um Governo legítimo da República portuguesa".
"Não tencionava candidatar-me. Eles, a direita, é que o pensavam", garantiu, acrescentando que sempre acreditou que o atual secretário-geral da ONU, António Guterres, ia ser o candidato apoiado pelo PS.
Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais na 'Operação Marquês', processo no qual o ex-primeiro-ministro, detido a 21 de novembro de 2014 e libertado a 16 de outubro último, cumpriu 288 dias de prisão preventiva e 42 de domiciliária.
José Sócrates, 59 anos, foi o primeiro antigo chefe do Governo a ser detido preventivamente em Portugal, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A 'Operação Marquês' que conta com mais de duas dezenas de arguidos, incluindo Armando Vara, ex-administrador da CGD, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do antigo primeiro-ministro, Joaquim barroca, empresário do grupo Lena, Ricardo Salgado, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, antigos administradores da PT, e o empresário luso-angolano Hédlder Bataglia, entre outros.