
José Sócrates
© Nuno Fox/Lusa
Durante um almoço com apoiantes, o ex-secretário geral do PS fez uma 'declaração de amor' ao partido dizendo que "nunca vai agredir a sensibilidade e aquilo que é a militância do PS".
Corpo do artigo
"Todos aqueles que pensavam 'ele agora desvinculou-se do PS e agora vai começar a atacar o partido' simplesmente não me conhecem". As palavras são de José Sócrates e foram preferidas este domingo durante um almoço com apoiantes que decorreu em Lisboa.
Durante uma intervenção de pouco mais de uma hora, José Sócrates fez questão de garantir que apesar de estar de saída do partido continua a ser socialista. Por isso mesmo, não vai "agredir a sensibilidade" da militância do PS.
"Era o que faltava agora agredir a sensibilidade e aquilo que é a militância do PS com comentários menos respeitosos. Ainda por cima, no momento em que os socialistas vão fazer e disputar o seu congresso. Pelo contrário, tenho respeito pelos militantes do PS que sempre me distinguiram com uma ligação afetiva muito forte. E tenho muito orgulho nela, faz parte do meu passado e defendê-la-ei como me defendo a mim próprio", disse o antigo secretário-geral socialista.
Durante o almoço, José Sócrates voltou a apontar o dedo aos partidos da direita, que acusa de estarem a fazer "aproveitamento político" do 'Caso Sócrates', mas também ao Ministério Público, garantindo que irá continuar a "denunciar os abusos" por parte da Justiça.
Sócrates foi recebido com aplausos à chegada ao restaurante Lisboa Marina, em Lisboa.
Além de Mário Lino, ex-ministro das Obras Públicas - que não quis falar aos jornalistas -, do histórico socialista António Campos - que não entrou pela porta principal -, e de Paulo Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas - que chegou ao local cerca de uma hora depois de José Sócrates -, no restaurante marcam presença apoiantes e socialistas anónimos, alguns deles pedindo para que não fossem filmados.
"Nunca estive em camarote nenhum do BES", garante Sócrates
Perante os apoiantes que marcavam presença no jantar - e depois em resposta aos jornalistas -, o antigo primeiro-ministro rejeitou ainda as "insinuações" de que teria uma relação de privilegiada e de proximidade com Ricardo Salgado ou que teria sido o banqueiro a apresentá-lo a Manuel Pinho e a indicar nomes para o Governo do PS.
Referindo-se à entrevista de Manuel Pinho ao semanário Expresso, na qual o ex-ministro de Sócrates afirma que foi António Costa quem apresentou José Sócrates a Manuel Pinho, o antigo líder socialista salientou: "Ele [Manuel Pinho] explicou 'olhe, eu conheci o engenheiro Sócrates à saída de um jogo de futebol, porque estava acompanhado do doutor António Costa e ele apresentou-me o engenheiro Sócrates'".
"Não é verdade, nunca estive em camarote nenhum do BES. Assisti a todos os jogos a convite da Federação Portuguesa de Futebol, nunca em camarote nenhum. O que se pretende insinuar é que eu tinha uma qualquer relação com o BES. Não tinha", garantiu.
E acrescentou: "Manuel Pinho trabalhava com o PS muito antes de eu ser secretário-geral. O que lamento é que ninguém tenha vindo dizer que foi isso que se passou. Muita gente que sabe que isto não aconteceu, que conhece a história, ficou em silêncio este ano e meio".
Com João Alexandre