Sondagem: maioria insatisfeita com democracia. Desconfiança no Estado e nos políticos, confiança nos militares e polícias
É um retrato crítico tirado pela sondagem da Aximage para TSF-JN-DN: mais de metade dos inquiridos estão insatisfeitos com a democracia. A larga maioria não considera que o Estado atue em benefício de todos ou que os políticos se preocupem. Ainda assim, os inquiridos acreditam no poder do voto e revêem-se nos partidos.
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Meio século depois, a democracia ainda não satisfaz 51% dos inquiridos, com destaque para as mulheres e 60% dos jovens. Do lado dos 47% que se dizem satisfeitos, estão mais de metade dos mais velhos. Entre os partidos, é junto dos eleitores da Iniciativa Liberal que reina maior insatisfação, enquanto quem assume votar no PS e no PSD tem mais tendência a declarar-se satisfeito com a democracia.
O grau de insatisfação tem correspondência na confiança (ou falta dela) nas instituições. Em linha com estudos anteriores apenas as Forças Armadas (65% ) e as polícias (64%) registam saldo positivo.
Segue-se o Presidente da República (45%), mas já em terreno negativo porque merece o chumbo de 53%.
Pelo contrário, no fundo da tabela estão o Parlamento, o Governo, tribunais e juízes e autarquias todos com níveis de desconfiança acima dos 60%, com destaque para a Assembleia da República que regista 65%.
Os inquiridos foram confrontados com várias questões relacionadas com a democracia e ressalta uma desconfiança sobre a atuação do Estado e dos políticos.
67% dos inquiridos discordam que os políticos se preocupem com os interesses de pessoas como eles (sobretudo os jovens) e outros 58% discordam que o Estado atue em beneficio de todos.
Mas as respostas são expressivas quando se pergunta sobre o voto: a larga maioria (85%) considera que votar permite a pessoas como eles ter uma palavra a dizer sobre o governo do país e 67% afirmam que, pelo menos, um partido representa os seus pontos de vista ou valores. Pela negativa, um quarto dos jovens não se sente representado pelos partidos políticos.
E como é possível aperfeiçoar a democracia? As respostas dividem-se: 33% sugerem “melhores políticos”, 26% defendem “cidadãos mais informados e mais participativos”, 15% consideram que a democracia será melhor com “maior prosperidade económica”, 13% “com melhor igualdade” e, finalmente, 11% referem uma reforma do sistema eleitoral.
Em termos gerais, 43% não encontram grandes diferenças e consideram que, nos últimos anos, a vida está “igual”, 39% consideram que “ piorou” e só para 17% a vida “melhorou” (entre eles os eleitores do PS).
E o futuro? 33% esperam estar melhor, 31% preveem o pior e 30% não antecipam mudanças.
Ficha técnica
Sondagem de opinião realizada pela Aximage para TSF- JN-DN sobre temas de atualidade nacional política. Universo: indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 805 entrevistas efetivas: O trabalho de campo decorreu entre 12 e 16 de abril de 2024. Com taxa de resposta de 78,15%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,4%. Responsabilidade do estudo é da Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.