No Fórum TSF, esteve em análise a mais recente sondagem da Pitagórica para TSF-JN-TVI-CNN Portugal, que revela uma recuperação da AD (alarga vantagem sobre PS), um crescimento do Livre e um aumento dos indecisos
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Os partidos políticos reagiram esta terça-feira à sondagem da Pitagórica para TSF-JN-TVI-CNN Portugal: entre aqueles que se mostram mais céticos e até falam numa "narrativa pré-feita", há também quem veja um "sinal de confiança" por parte dos eleitores.
Menos de um mês depois da queda do Governo e já com eleições no horizonte próximo, a AD (coligação PSD/CDS) deixa o PS a cerca de seis pontos de distância, segundo o mais recente estudo de opinião. O Livre, em quinto, é o partido que mais cresce e destaca-se o número de indecisos, sobretudo junto do eleitorado da AD.
O PSD interpreta estes resultados como um "sinal de confiança dos portugueses, em função da continuidade". A leitura é feita pela vice-presidente do partido, Inês Palma Ramalhado, ouvida no Fórum TSF desta terça-feira.
A sondagem foi, então, "um bom indicador" para os sociais-democratas, que acreditam estar "no caminho certo". A vice-presidente assume ao mesmo tempo uma "visão cautelosa e humilde", sublinhando que "ainda falta muito tempo" para o derradeiro dia em que o país será chamado a eleições. A ida às urnas está marcada para 18 de maio.
"As sondagens não são - de todo - um indicador que nos diga que vamos indubitavelmente ganhar as eleições e, portanto, temos de fazer esse trabalho e conseguir passar a mensagem às pessoas de que há efetivamente uma boa alternativa neste Governo e que o trabalho que estava a ser feito deve ser continuado, a bem de Portugal", adianta.
Inês Palma Ramalhado assinala ainda que um valor expressivo do número de indecisos junto do eleitorado da AD pode significar que, tal como os outros partidos, o PSD tem de fazer alguns ajustes ao discurso.
"Todos temos de saber passar a nossa mensagem, até para os votantes que são mais fiéis e que não falham uma eleição, quer para novos votantes, quer para os descontentes que, por algum motivo, ainda possam precisar de alguma confiança adicional", declara.
Já o deputado socialista André Pinotes Batista, também ouvido no Fórum TSF, prefere denunciar uma espécie de "narrativa pré-feita" que tem revelado imprecisões ao longo dos tempos.
"Recordo-me, porque tive oportunidade de viver as eleições em que António Costa teve maioria absoluta, como, no último dia, estes mesmos grupos davam como Rui Rio tinha ultrapassado António Costa. E a verdade é que António Costa teve maioria absoluta", refere.
À semelhança, nas últimas eleições, a diferença assinalada entre a AD e o PS acabou por se revelar bem mais residual do que o previsto.
"Parece quase uma narrativa pré-feita: primeiro estão empatados, depois há uma lógica de distanciamento entre a AD e o PS, depois cresce um bocadinho mais, depois as eleições estão decididas e, quando chegamos às urnas, em vez de seis pontos percentuais, a diferença era de 0,5%", lamenta.
O socialista, ainda assim, considera que a sondagem mais recente "confirma" que o partido liderado por Pedro Nuno Santos está "numa linha de raciocínio correta". O PS deve, por isso, "fazer uma campanha com base" em ideias próprias, tendo para isso já elaborado propostas "concretas" no que diz respeito à habitação, saúde e economia.
É com este mote que André Pinotes Batista reforça que o partido não vai deixar de fora da campanha eleitoral o caso da empresa familiar de Luís Montenegro, até porque, fazê-lo, seria "uma forma de cinismo político".
"Não deixaremos de falar do que tiver de ser falado, porque, no dia em que a oposição ou os jornalistas deixarem de poder fazer perguntas a um primeiro-ministro, mal irá a nossa democracia", atira, responsabilizando, uma vez mais, o primeiro-ministro em gestão pela crise política que Portugal atravessa.
Pelo Chega, Pedro Pinto desvaloriza a subida da AD nas intenções de voto e afirma que o mais importante é que "a direita continua a ter maioria absoluta em Portugal".
Apela, por isso, para o fim "de guerras, quezílias, do 'não é não' e de birras, como fez Luís Montenegro", e desafia o PSD para uma aliança com o Chega.
"As sondagens continuam a dar uma vitória esmagadora à direita em Portugal. Agora cabe quer ao PSD, quer ao Chega entenderem-se. Estamos disponíveis, como sempre estivemos desde 10 de março", esclarece.
No inverso, o líder da Comissão Distrital do PAN do Porto, Hugo Alexandre Trindade, nota que as sondagens não costumam revelar resultados positivos para o partido, mas, na hora do voto, as coisas correm melhor. Os estudos de opinião servem, contudo, para "afinar a mensagem".
"Por exemplo, há uns dias, saiu uma sondagem que dava ao PAN quase 3%. Ou seja, conseguiríamos eleger dois deputados em Lisboa e um no Porto, conseguindo aqui o crescimento de uma deputada única para três deputados. E permite-nos reforçar o nosso papel e aquilo que tem sido o nosso trabalho ao longo deste tempo todo", afirma, destacando os ganhos conseguidos com uma deputada única.
Já na manhã da TSF, o deputado do Livre Jorge Pinto afirmou que foi dado um "ótimo sinal" de reconhecimento, mas ressalvou que o partido não se deixa "iludir demasiado com boas sondagens". O mesmo acontece no caso inverso, quando as perspetivas são "menos boas".
