Sousa e Castro: "Papel de Eanes na transição democrática é muito superior ao de qualquer outro pai da democracia"
Rodrigo Sousa e Castro, capitão de Abril e companheiro de muitas lutas políticas e militares de António Ramalho Eanes, em entrevista à TSF
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Rodrigo Sousa e Castro, capitão de Abril e companheiro de muitas lutas políticas e militares de António Ramalho Eanes, defende em entrevista à TSF que o antigo Presidente da República já deveria ter sido promovido a Marechal, mas o general “não está para aí virado”. Ramalho Eanes recusou a promoção por várias vezes, uma atitude que não é novidade na sua carreia, mas que nem sempre conseguiu impor, conta Sousa e Castro.
"Foi promovido a general de quatro estrelas à revelia, enquanto estava numa visita de Estado ao Brasil. Quando voltou tivemos que o ouvir, mas já não podia fazer nada", disse.
Durante o primeiro mandato de Ramalho Eanes em Belém, Sousa e Casto tinha por hábito almoçar semanalmente com o Presidente: "Às quartas-feiras tinha de apresentar a ordem de trabalho das reuniões do Conselho da Revolução e assim não perdemos tempo e íamos conversando".
Rodrigo Sousa e Castro reconhece que, depois de uma vitória previsível na primeira candidatura presidencial, a segunda campanha foi mais difícil. Ainda assim, o diretor de informação e propaganda do movimento de apoio à reeleição de Eanes garante que esteve sempre confiante. Uma certeza que vinha dos gravadores de dois reportes da rádio.
Ainda na presidência Ramalho Eanes ajudou a criar o PRD, partido que viria a liderar logo após abandonar a chefia do Estado.
A vida do PRD foi curta e, para Sousa e Castro - que também foi dirigente -, o partido foi vítima de várias contradições internas e da agressividade dos restantes partidos contra Ramalho Eanes, “sobretudo na última fase”.
O antigo membro do Conselho da Revolução sustenta que “Eanes estava num lugar único”, mas a revisão constitucional de 82 “é feita contra o Presidente e é feita sem causa. E ainda hoje estamos a sofrer as consequências”.