Suspeitas de corrupção no Governo Regional da Madeira. Três detidos e mais de cem buscas
O município presidido pelo social-democrata Pedro Calado afirma que "está a colaborar na investigação". Miguel Albuquerque cancelou toda a agenda pública para esta manhã.
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A Polícia Judiciária (PJ) está a efetuar cerca 100 buscas na Madeira, nos Açores e em várias regiões do continente por suspeita de crimes de corrupção, participação económica em negócios, entre outros, disse à Lusa fonte ligada ao processo. O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, prometeu declarações sobre este assunto ainda esta quarta-feira à tarde.
A mesma fonte indicou que as buscas na Madeira estão a decorrer "em várias áreas do Governo da Madeira e empresas", tendo já a Câmara Municipal do Funchal confirmado as buscas da PJ. A RTP avança ainda que as buscas decorrem também na residência oficial de Miguel Albuquerque e a PJ já confirmou três detenções. Segundo o Observador, entre os detidos estão o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e o empresário Avelino Farinha, presidente do Conselho de Administração do Grupo AFA.
Entre os crimes que estão na base desta investigação dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público estão suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, abuso do poder, entre outros.
A mesma fonte adiantou que as buscas que decorrem em várias regiões do continente são essencialmente em empresas.
De acordo do o Ministério Público, sob investigação estão "várias dezenas de adjudicações em concursos públicos" que envolvem "várias centenas de milhões de euros".
"Existem suspeitas de que titulares de cargos políticos do governo regional da Madeira e da Câmara Municipal do Funchal tenham favorecido indevidamente algumas sociedades/grupos em detrimento de outras ou, em alguns casos, de que tenham exercido influência com esse objetivo. Suspeita-se, designadamente, que as sociedades visadas tenham tido conhecimento prévio de projetos e dos critérios definidos para a adjudicação, assim como acesso privilegiado às propostas e valores apresentados pelas suas concorrentes diretas nos concursos, o que lhes terá possibilitado a apresentação de propostas mais vantajosas e adequadas aos requisitos pré-determinados", pode ler-se no comunicado do Ministério Público.
Num comunicado divulgado esta manhã, a Câmara Municipal do Funchal confirmou as buscas, sem adiantar mais pormenores.
"A Câmara Municipal do Funchal informa que um grupo de inspetores da Polícia Judiciária deu entrada esta manhã nas instalações do edifício dos Paços do Concelho, para a realização de buscas", lê-se no comunicado divulgado pela autarquia (PSD/CDS-PP).
No documento, o município, presidido pelo social-democrata Pedro Calado, acrescenta que "está a colaborar na investigação em curso e a prestar toda a informação solicitada, num espírito de boa cooperação".
Em resposta à TSF, o Grupo AFA confirma "a realização de buscas da Polícia Judiciária nos seus escritórios", assegurando que está a colaborar com as autoridades "através da disponibilização de toda a informação solicitada".
A TSF já questionou a Polícia Judiciária e a Procuradoria-Geral da República e aguarda uma resposta.
