Paulo Mota Pinto invoca a figura jurídica da regra da experiência para defender que dificilmente o primeiro-ministro não sabia do encobrimento do roubo de Tancos.
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O cerco político aperta-se. Quem sabia afinal do encobrimento do roubo de Tancos? Terá a informação chegado ao ex-ministro da defesa? E ao primeiro-ministro? E ao Presidente da República?
Para Paulo Mota Pinto, dificilmente uma informação deste género terá "morrido" no chefe de gabinete de Azeredo Lopes. O constitucionalista social-democrata, argumenta com a regra da experiência, uma figura jurídica que ajuda a explicar a tese de que a informação pode mesmo ter chegado a António Costa.
"As pessoas perguntam-se, depois de se saber que o ministro sabia, se a regra da experiência não se aplica também num assunto tão grave", explica Paulo Mota Pinto.
Convidado do Bloco Central desta semana, o presidente da mesa do Congresso do PSD, interroga-se: "se o ministro sabe o primeiro-ministro não sabe? Eu acho que sim. É o que acontece normalmente e acho que é o que deve acontecer num governo que funcione bem." Mas Paulo Mota Pinto vai mais longe: "é igualmente grave se o primeiro-ministro não sabia."
O social-democrata defende que António Costa "deve uma explicação ao país" e que devia ser o próprio primeiro-ministro "a tomar a iniciativa".
Rio não chama Costa ao Parlamento
Rui Rio diz que cabe ao antigo ministro da Defesa e a António Costa esclarecer se o primeiro-ministro tinha ou não conhecimento da encenação que aconteceu no caso de Tancos, mas garante que o PSD não chamará o chefe de Governo à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso.
Azeredo Lopes já se demitiu, mas o presidente do PSD espera que dê explicações na Assembleia da República.
Quanto a António Costa, Rio suspeita que soubesse de tudo: "não é muito normal que numa matéria destas o ministério da Defesa não transmita ao primeiro-ministro", nota.
No entanto, não será o PSD a exigir que o primeiro-ministro seja chamado à comissão parlamentar de inquérito. Rui Rio é claro: "não, porque não vou atrás de foguetes".
Costa diz que não sabia de nada
Já esta sexta-feira, António Costa assegurou que não teve qualquer conhecimento da encenação que aconteceu no caso de Tancos.
"Nem através de Azeredo Lopes, nem através de ninguém, não conhecia", disse esta manhã aos jornalistas.
Questionado sobre as declarações de Martins Pereira, antigo chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa, que afirma que informou Azeredo Lopes da encenação em Tancos, o primeiro-ministro diz que esta informação não lhe foi transmitida pelo ex-ministro da Defesa.
Nunca soube de nada? "Eu não!", reitera.