Tânger Corrêa: "Decidimos apoiar a eleição de Metsola, tentando fazer com que o cordão sanitário contra nós acabe"
O eurodeputado do Chega confirma o apoio dado a Roberta Metsola em troca do fim do 'cordão sanitário' imposto à sua bancada. Na entrevista à TSF, garante que o Chega sempre foi a favor de uma 'imigração controlada'. Mas também diz que muitos dos que vêm do Bangladesh e Paquistão só estão em Portugal "a fazer vento"
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António Tânger Corrêa, a bancada dos Patriotas pela Europa contribuiu para esta eleição com uma votação esmagadora de Robert Metsola, como presidente do Parlamento Europeu?
Sim, sim. Nós ontem decidimos apoiar a eleição dela e, tentando fazer com que o cordão sanitário, que está estabelecido por alguns grupos, acabe, e, em troca, demos o nosso apoio maciço à Metsola.
Porque não pensaram apresentar um candidato próprio?
Porque pensámos que era melhor porque não ia ser eleito, depois porque ia ter basicamente os nossos votos, isso não levaria a lado nenhum.
E, neste caso, houve uma negociação em princípio com Metsola no sentido de ela nos ajudar a ultrapassar os condicionamentos que temos.
Que são quais?
São o cordão sanitário. Não nos dão presidências de comissões, nem vice-presidências, não elegemos vice-presidentes do Parlamento e nós esperamos que Metsola agora, de alguma forma, colabore conosco e que nos dê condições para que isso aconteça.
Ou seja, já estão a sentir esse coradão sanitário posto em prática?
Não, isso já vinha do passado com o ID (grupo Identidade e Democracia). Portanto, o PPE já veio dizer que mantinha esse cordão sanitário, o que é uma situação bastante estranha para o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu (Patriotas pela Europa) e que tem que contar com muitos milhões de votantes europeus. Portanto, é uma situação profundamente antidemocrática.
Vai ter que bandeiras esse terceiro maior grupo do Parlamento Europeu nesta legislatura que hoje começa?
Vai ter, obviamente, uma maior aproximação do Parlamento aos cidadãos. Vai ter, obviamente, uma palavra a dizer sobre a imigração, sobre a regulação da imigração, sobre a Agenda 20-30, sobre a PAC, sobre todos os assuntos que no fundo estão em cima da mesa.
Robert Metsola, no discurso que antes deu a votação, falou na necessidade de haver uma política de imigração sustentável.
Irene Montero, candidata do grupo da Esquerda à presidencia do PE, também disse que era preciso acabar com as políticas que consideram os imigrantes uma ameaça. Sente-se partidário dessa corrente que considera os imigrantes uma ameaça?
De forma nenhuma, aliás, como sabe o Chega defende a imigração.
Nós somos a favor da imigração. Tem que ser uma imigração controlada e favorável ao país. Nós nunca dissemos que éramos contra a imigração.
Nunca. Pelo contrário, nós sabemos que somos um país envelhecido, somos um país que necessita de imigração e, como sabe, nós há muitos anos que temos vindo a receber excelente imigração. Os países de leste, da Moldávia, da Romênia, da Ucrânia, desses países, do Brasil, e realmente que tiveram um comportamento muito positivo, que era social e que era economicamente em Portugal.
Com certeza. Agora, trazer as portas abertas, a imigrantes que nem sequer veem para trabalhar, do Bangladesh, do Paquistão, cuja cultura é completamente diferente da nossa, isso aí...
Eles trabalham, eles trabalham em Portugal...
Nem todos.
Vemos muitos a trabalhar, todos os dias, nas nossas ruas.
Pois, mas nem todos. Nas ruas, sim. Nas ruas, a fazerem vento.
Falou na Ucrânia, o CHEGA, no Partimento Europeu vai apoiar o envio de armas para a Ucrânia, a continuação do apoio militar à Ucrânia?
Nós continuamos a apoiar a Ucrânia, seja de que maneira for, sem dúvida nenhuma.
Aliás, vamos escutir isso agora na próxima quarta-feira, salvo erro. E o CHEGA, obviamente, que estará sempre ao lado do apoio à Ucrânia.