"Tem de haver alguma flexibilidade." Gouveia e Melo defende mudanças à lei da greve em nome do "interesse coletivo"
O candidato presidencial refere que é preciso "medir as coisas que prejudicam verdadeiramente o coletivo e se os interesses que estão em jogo se devem sobrepor ao interesse coletivo"
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Gouveia e Melo está do lado do Governo na vontade de mudar a lei da greve. Em entrevista à RTP, na quarta-feira à noite, o candidato presidencial defendeu que devem ser feitas alterações de forma a garantir um equilíbrio entre o direito dos trabalhadores e o interesse coletivo.
"Nós temos de medir as coisas que prejudicam verdadeiramente o coletivo e se os interesses que estão em jogo se devem sobrepor ao interesse coletivo. Isso é uma fronteira móvel em função da situação do momento. Tem de haver alguma flexibilidade para proteger os dois interesses: por um lado, os interesses dos trabalhadores, que devem ser protegidos, senão eles perdem poder negocial; por outro lado, não é interesse das empresas, é o interesse do coletivo", afirmou Gouveia e Melo, sublinhando que a lei da greve "deve sofrer mudanças que permitam jogar com essa fronteira em função do que está em jogo, com o cuidado de essa fronteira não passar a ser instrumental, retirando os direitos que os trabalhadores têm a manifestar a sua discordância com o sistema".
O candidato presidencial acredita também que, se chegar a Belém, vai ter um bom relacionamento com o primeiro-ministro. "Sempre tive um bom entendimento pessoal das poucas reuniões que tive com ele [Luís Montenegro] e muito do programa que foi apresentado agora, que é um programa reformista, também está alinhado de alguma forma com os artigos que eu escrevi, identificando um conjunto de reformas que são essenciais para a sociedade, portanto, estou perfeitamente alinhado com esta ideia de reformista", adianta.
Gouveia e Melo ressalva, no entanto, que "uma coisa são as ideias, outra são os caminhos que vamos ter de implementar para atingir esses fins". De resto, o candidato à Presidência da República deu a entender que votou na AD nas últimas eleições. "O que posso dizer é que a maior parte das vezes votei no vencedor", refere, considerando que "há condições políticas para que o Governo dure quatro anos".
Questionado sobre se fará tudo o que estiver ao seu alcance para que o Governo compra a legislatura, caso seja eleito, Gouveia e Melo atira: "Sim, eu sou um adepto feroz da estabilidade."
