"Temos quase unanimidade." Cravinho espera consenso na UE para reforçar apoio à Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros, em entrevista à TSF, mostra-se confiante de que, no final, as ideias dos 27 vão estar alinhadas.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, espera que haja consenso entre os Estados-membros da União Europeia para reforçar o apoio à Ucrânia.
Na próxima quinta-feira acontece em Bruxelas uma reunião extraordinária do Conselho Europeu e vai estar em discussão um pacote de mais de cinco mil milhões de euros para a Ucrânia no âmbito do mecanismo europeu de apoio à paz. Em entrevista à TSF, João Gomes Cravinho mostra-se confiante de que, no final, as ideiais dos 27 vão estar alinhadas.
"A minha expectativa é que no próximo Conselho Europeu se chegue a uma conclusão positiva. Não temos unanimidade, mas temos quase unanimidade. Temos unanimidade menos um e esperamos que a 1 ou 2 de fevereiro haja efetivamente uma unanimidade completa. Isto tem sido a realidade ao longo dos quase dois anos da invasão da Ucrânia pela Rússia, ou seja, sistematicamente nós vemos que há dificuldades em chegar a um consenso e depois chega-se a um consenso, portanto essa é a parte positiva. Nos EUA nós verificamos, neste momento, uma certa paralisia do sistema político que tem demonstrado alguma dificuldade em distinguir aquilo que são as querelas político-partidárias, que fazem sempre parte de qualquer democracia, daquilo que são os desafios estratégicos com que o país se confronta e com o qual todo o quadro internacional está confrontado", explicou Cravinho.
Os 27 partiram para o Conselho Europeu em meados de dezembro e não foi possível alcançar um consenso total para a revisão do chamado quadro financeiro plurianual 2024-2027 por causa da posição da Hungria de Viktor Orbán, que tem dificultado as negociações. Nesta entrevista, o chefe da diplomacia portuguesa alerta que neste momento seria irresponsável apenas considerar que o conflito Rússia/Ucrânia vai ter um desfecho positivo para a Europa.
João Gomes Cravinho avisa que todos os cenários têm de ser tidos em conta.
"Infelizmente, em matéria de defesa e matéria de política externa, de uma forma geral, nós temos de esperar pelo melhor e preparar-nos para o pior. Creio que seria irresponsável, perante a degradação da ordem internacional e perante uma postura extremamente agressiva por parte da Rússia, imaginar que tudo vai correr bem e preparar-nos apenas para esse cenário positivo. Portanto, eu penso que é possível evitar um cenário de confronto com a Rússia, mas a melhor forma de evitar um cenário de confronto com a Rússia é assegurar que a Rússia não tem ganho de causa na Ucrânia. Se a Rússia levar de vencida a Ucrânia, aí sim estaremos perante uma situação extremamente ameaçadora para a Europa", assumiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
João Gomes Cravinho é ministro dos Negócios Estrangeiros desde 2022 e não revela se está disponível para continuar no cargo caso o PS vença as eleições e surja um convite para permanecer no Governo. O governante afirma que o mais importante é haver uma continuidade nas políticas.
"Isso são demasiados cenários. Aquilo que eu sempre tenho feito é colocado as minhas capacidades ao serviço onde são mais necessárias e, portanto, num quadro hipotético de vitória do PS, mais importante para mim do que continuar no lugar é que haja continuidade na política externa", acrescentou.