“Terapia de grupo” deixa (quase) tudo na mesma. Pedro Nuno vê PS “unido” e rejeita “hesitação” com candidato a Belém
Pedro Nuno Santos rejeita “hesitações ou indefinições” e lembra que ainda não há candidatos da área socialista
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Para Pedro Nuno Santos, “não há qualquer indefinição ou hesitação” pelo PS ainda não ter decidido o apoio a um candidato a Presidente da República. O PS reuniu a comissão nacional, inicialmente, para definir um perfil para um candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, mas também um calendário para uma decisão. No final de contas, o partido sai de Setúbal com uma mão cheia de nada.
O secretário-geral dos socialistas garante que o PS saiu “unido” da reunião, apesar das recentes trocas de palavras entre apoiantes de António José Seguro e de António Vitorino. O partido vai marcar uma nova reunião da comissão nacional para definir o candidato, mas no “tempo certo”.
“Não há nenhuma indefinição ou hesitação, porque para haver essa indefinição implicaria que nós já tivéssemos candidatos e que tivéssemos indecisos entre eles. Nós não estamos nessa fase”, respondeu, no final da reunião da comissão nacional.
De facto, António Vitorino ou António José Seguro (ou qualquer outro) ainda não avançaram, embora as expetativas fossem que, da reunião, saíssem resultados concretos. Vários militantes que intervieram na comissão nacional questionaram, de acordo com relatos à TSF, a utilidade de uma reunião “extemporânea”.
Entre portas, Pedro Nuno Santos pediu aos militantes que se abatessem de formular críticas aos adversários internos (Augusto Santos Silva arrasou as “banalidades” de Seguro e Ana Gomes apontou o passado de “advogado lobista” de Vitorino). Um conselho que, na opinião do secretário-geral, serve para a “união do PS”.
“Sai, sobretudo, um partido unido, consciente de que deve estar o mais unido possível no apoio a um candidato. Foi isso que saiu daqui”, respondeu, aos jornalistas.
Há também a “ideia” de que o PS “precisa de um Presidente da República que partilhe a mão de evidência, a matriz de valores do PS”. Ou seja, “que tenha competência, percurso político e profissional, que tenha uma visão do mundo, a capacidade de representar Portugal no mundo”. Caraterísticas que encaixam em todos os possíveis candidatos, sendo que Pedro Nuno Santos tem apenas preferência por “um candidato com potencial de vencer as eleições”.
Luís Marques Mendes, que receberá o apoio do PSD, já está na estrada. O PS ainda não sabe quando estará, até porque Pedro Nuno Santos “não tem nenhum calendário”.
“Isso depende da vontade dos próprios manifestarem a sua vontade. E, no momento que nós entendermos que há condições para decidirmos quem apoiamos, decidiremos”, acrescentou.
Uma decisão que será tomada numa nova reunião da comissão nacional, o órgão máximo entre congressos: “O PS tem órgãos próprios, a Comissão Nacional é o órgão mais importante do PS entre congressos, representa todo o partido e é neste quadro que essa decisão deve ser feita.”
Referendo nem chegou a ser votado
Pedro Nuno Santos reforçou ainda que o PS tem de ir a votos, nas eleições presidenciais, com um só candidato. Uma ideia partilhada pelo antigo candidato à liderança José Luís Carneiro, que pede “um candidato único do espaço do centro-esquerda”.
O outro adversário interno, Daniel Adrião, pedia um referendo interno, para que militantes e simpatizantes definissem o candidato presidencial. A proposta, muito criticada na reunião, nem chegou a ir a votos. De deliberação passou a recomendação, mas Daniel Adrião saiu satisfeito.
“Foi um exercício muito útil, uma terapia de grupo. Acho que ajudou, no fundo, a centrar-nos no que é essencial: o PS procurar uma personalidade que represente os valores do socialismo democrático e da social-democracia”, disse Daniel Adrião.