O Presidente da República inicia visita de Estado de cinco dias marcada pelo bom relacionamento bilateral entre Portugal e Angola. Marcelo diz que objetivo é "estreitar a fraternidade entre os dois povos e Estados".
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Os assobios ruidosos que se fizeram ouvir quando o nome de Marcelo Rebelo de Sousa ecoou através da aparelhagem sonora, durante o anúncio dos chefes de Estado convidados para assistir à cerimónia de posse de João Lourenço, em Luanda, só geraram dúvidas em Lisboa. Porque, na capital angolana, a reação de quem assistia às cerimónias foi sinónimo de festa e regozijo pela visita de 'Ti Celito', na primeira viagem a Angola como Presidente da República. E é com com o mesmo espírito que o chefe de Estado português é aguardado por estes dias.
"O espírito é o de estreitar a fraternidade entre povos, pátrias e Estados", salientava Marcelo Rebelo de Sousa uma semana antes da partida. "E, se os Estados souberem acompanhar aquilo que os povos sentem, não tenho dúvidas de que será um grande momento", acrescentava o Presidente, reiterando o bom momento das relações bilaterais entre Lisboa e Luanda e a expectativa com que encara esta viagem ao continente africano.
A visita, considerada das mais importantes do mandato do chefe de Estado, terá "uma forte componente político-diplomática" - para "mostrar a abrangência das relações bilaterais" entre os dois países - e, garante o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, "uma agenda muito rica.
"Eu destacaria a intervenção que o Presidente vai fazer na Assembleia Nacional em Luanda, as intervenções que vai fazer na Universidade Agostinho Neto, mas sobretudo destacaria o Fórum Económico em Benguela e os vários instrumentos de cooperação que vão ser assinados no âmbito da visita, para além, naturalmente, do contacto com a comunidade portuguesa", garantiu o ministro, em entrevista à TSF, lembrando que, "posta em perspetiva, esta é a terceira visita do mais alto nível que ocorre entre os dois países nos últimos seis meses", depois das deslocações oficiais de António Costa a Luanda, em setembro, e de João Lourenço a Portugal dois meses depois.
Com passagens pelas regiões de Huíla e Benguela, onde Marcelo Rebelo de Sousa deverá, por exemplo, percorrer uma parte do caminho-de-ferro entre os municípios do Lobito e Benguela,o Presidente português aterra, esta terça-feira à tarde, em Luanda e à noite participará num jantar privado a convite de João Lourenço. Na quarta-feira, Marcelo irá discursar numa sessão solene na Assembleia Nacional de Angola e depois terá um encontro com estudantes na Universidade Agostinho Neto, além de uma visita a duas exposições no Centro Português. Na quinta, parte para Lubango, onde fará uma palestra na universidade e visitará uma escola portuguesa, seguindo para Benguela para encerrar o Fórum Económico, antes de um jantar a bordo da fragata Álvares Cabral. Sexta-feira, dividirá o dia entre Catumbela, Benguela e Luanda, onde concluirá a visita no sábado.
Além do intenso contacto com a comunidade portuguesa e com o povo angolano, Marcelo Rebelo de Sousa fará questão de abordar as várias áreas de cooperação entre os dois países, dando prova, nas palavras de Augusto Santos Silva, de que "Portugal quer participar no desenvolvimento económico de Angola, diversificando as atividades e as regiões".
"Basta ver, aliás, a delegação do governo que acompanha o Presidente. Irei eu, mas também o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, bem como a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro", referiu, reiterando, por isso, que "a escolha que fizemos da delegação que acompanha o Presidente é muito criteriosa".
E, como tudo o que envolve Angola e Portugal, mas sobretudo Marcelo Rebelo de Sousa, nada foi deixado ao acaso na preparação desta visita.
Ultrapassado o "irritante" entre Luanda e Lisboa - com a transferência do processo que envolve o antigo vice-presidente angolano, Manuel Vicente, para a justiça de Angola -, a data desta viagem não podia ser mais bem escolhida: Marcelo aterra no dia de aniversário de João Lourenço e conclui o périplo no dia em que completa três anos de mandato como Presidente. Para assinalar a data, no sábado, último dia da visita de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa passa o dia com a comunidade portuguesa em Luanda. Sinal da importância que sempre deu à diáspora, desde logo em todas as comemorações do 10 de Junho.