O executivo de António Costa chegou ao governo há três anos. A oposição do PSD avalia o trabalho como merecedor de uma nota negativa, enquanto os partidos que suportam o governo dizem que ainda há muito a fazer.
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O governo do PS suportado por PCP, Bloco de Esquerda e PEV assiná-la, esta sexta-feira, três anos de mandato. No Fórum TSF, os partidos fizeram um balanço deste terceiro ano de legislatura, quando o país se aproxima a passos largos para as próximas eleições legislativas que se realizam em 2019.
O maior partido da oposição começa por dar uma negativa ao governo, chumbando o trabalho do executivo nos últimos três anos.
"Do ponto de vista do PSD o governo claramente chumba, tem uma governação insuficiente. Este governo é um governo de ilusões, é um governo suportado num trio de perdedores das últimas eleições legislativas, onde o maior perdedor foi António Costa e, portanto, a lógica de responder é uma lógica de ilusões e as ilusões são muito perigosas"
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Questionado por Manuel Acácio, o social-democrata Adão Silva elege o setor da Saúde como o mais prejudicado com esta governação.
"Nunca se atingiu uma situação desastrosa como a atual no campo da saúde e tudo isto é realmente extraordinário quando este governo se ufana, se elogia de que se virou uma página da austeridade e se está numa situação de muito maior conforto orçamental, e é verdade que estamos, mas a pergunta é se estamos numa circunstância de maior conforto orçamental, porque é que não se metem mais recursos para termos uma maior saúde para os portugueses, para termos profissionais mais motivados, respostas com mais qualidade a todos os cidadãos. É insuportável o que passa, alguns exemplos são flagrantes, nomeadamente a Ala Pediátrica do Hospital de São João onde crianças com cancro são tão mal tratadas e, apesar das insistências que têm sido feitas, a obra continua a derrapar, não se sabendo quando é que recomeça e quando é que se põe termo a esta situação inaceitável num Portugal desenvolvido.
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Também o CDS partilha da opinião do PSD em que a saúde é a área com mais problemas e João Almeida, porta-voz dos centristas, aponta duas prioridades para o resto da legislatura.
"A área da saúde é uma área prioritária, nunca esteve no estado em que está, nem na altura da Troika com todas as limitações o SNS viveu os problemas que agora vive. Portanto, a questão do investimento público seletivo importante seja, por exemplo, nos transportes coletivos, seja nas vias de comunicação", frisou, acrescentando que "ninguém acharia possível que ao fim de três anos de governação do PS apoiado pelo Bloco de Esquerda e do PCP, o investimento público seja inferior ao que foi em 2015 feito pelo PSD e pelo CDS, isso revela bem que, do ponto de vista do investimento, não é por acaso que os serviços públicos estão à beira do colapso".
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Pelo BE, José Manuel Pureza entende que o governo tomou algumas medidas importantes nestes três anos de mandato, mas o deputado bloquista salienta que há ainda muito trabalho a fazer, sobretudo na área do trabalho e da qualidade dos serviços públicos.
"O caminho andado é um caminho que ainda precisa de ser aprofundado e, designadamente, em duas áreas que têm a ver com o dia a dia das pessoas e que são no campo do trabalho, designadamente na sua legislação, onde o governo teima em não fazer qualquer mudança que não retire da legislação do trabalho aquilo que de tão gravoso foi colocado pelo governo da direita e pela Troika e, por outro lado, a solidez e qualidade dos serviços públicos, do SNS e da escola pública onde a falta de um investimento qualificador se faz sentir no dia a dia", explicou.
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José Luís Ferreira, do Partido Ecologista 'Os Verdes', considera insuficiente o que foi feito pelo governo nestes 3 anos, e aponta alguns exemplos do que ainda falta fazer.
"Falta desde logo revisitar a legislação laboral sobretudo como forma de apagar os vestígios da direita no governo, por exemplo à necessidade de consagrar novamente o princípio e o tratamento mais favorável ao trabalhador ou até a valorização da contratação coletiva. Depois falta ainda resolver os problemas com o tempo de serviço dos professores e dos restantes profissionais que estão em idênticas condições, falta fiscalização por parte do estado", referindo-se ao "abuso descarado das entidades patronais no que diz respeito ao recurso à precariedade mas também da falta de fiscalização no respeito pelas regras ambientais".
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O comunista Vasco Cardoso recorda que "há muitos problemas para responder no nosso país", referindo-se à "questão do aumento dos salários" como uma prioridade do PCP.
"Era necessário uma outra resposta face a problemas que estão hoje colocados em relação a empresas que foram privatizadas e que estão hoje a colocar o país em dificuldades", ressalvou ainda, especificando casos como os dos CTT e da EDP.
"Na situação dos serviços públicos, veja-se as dificuldades de investimentos que estão hoje colocadas e o PS continua fixado numa trajetória de redução dos défices das contas públicas que não permite que se vá mais longe no investimento nos hospitais, nas escolas, nos centros de saúde. A resposta do ponto de vista fiscal, sendo necessário avançar com a tributação dos grandes lucros, do grande património, que permita ir buscar as receitas para responder aos problemas nacionais mas ao mesmo tempo aliviar a carga fiscal sobre os trabalhadores e as PME's", explicou, não descurando a "defesa da produção nacional".
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Da parte do PS, Fernando Anastácio realçou que "mais do que falar de ilusões, seria importantíssimo falar de realidades".
"As realidades de hoje, comparativamente com as de há três anos são substancialmente diferentes e o povo português percebe isso. Basta vermos o que se passou a nível da questão do emprego, comparar os indicadores de há três anos com os de hoje. Nesta legislatura já foram criados mais de 300 mil novos empregos e o desemprego reduziu substancialmente", explica, reforçando ainda a ideia de que "Portugal recuperou a credibilidade internacional".
"Hoje foi possível mostrar aos portugueses e os portugueses sentem que se pode viver com contas certas, ter contas certas, ter um défice equilibrado e repor rendimentos", concluiu.